Um dia especial...
Estava marcado o dia 4 de Dezembro de 2011 para a minha estreia numa Maratona…
Há uns 6 meses atrás nem eu acreditava que íria correr 10 Kms, apesar de ter sido desportista ao longo dos anos.
O meu primo - Nuno Dias de Almeida- foi o grande impulsionador para o despertar deste bichinho que foi-me correndo nas veias ao longo dos meses e que me foi desafiando etapa, após etapa.
Sempre fui uma pessoa muito positiva e desafiadora… aprecio testar e ultrapassar limites… e assim foi! Ontem, por diversas razões, foi um dos dias mais enriquecedores de toda a minha vida.
Fez-me relembrar muita coisa boa que já se passou ao longo destes últimos 6 meses na companhia deste magnífico grupo RUN 4 FUN- pessoas com um coração enorme, um companheirismo e uma entre ajuda fora de série.
Preparei o meu plano de Treino com a “ASICS” (só estive em falta na distância dos longões) mas só com uma antecedência de 60 dias, o que foi muito puxado mas, o objectivo era para ser cumprido. Tomei a decisão de não optar por ritmos demasiado ambiciosos, mas abordar a corrida com a estratégia previamente definida de 6’’/Km. Embora tenha tido algumas vezes vontade de acelerar, mantive no meu pensamento os sábios conselhos que fui “absorvendo” de alguns experientes como o caso do João Ralha, do José Carlos Melo e do Teodoro Trindade, contendo-me no meu ímpeto inicial, sempre ciente que iria ser “duro”.
A expectiva foi muita até este grande dia. Algumas horas sem dormir a delinear todo o percurso; os diversos treinos sozinho; e, um role de questões que se apoderavam da minha cabeça. Na noite anterior toda a logística pronta para a grande prova dos 9.
Na manhã de domingo, estava fresquinho, mas bom para correr 42Kms. Lá fui eu a caminho da Av. Rio de Janeiro (Inatel) ao encontro dos meus companheiros do Run 4 Fun - a “laranja mecânica”- sempre presentes em diversas provas de atletismo em todo o país. Recebi os últimos conselhos de gestão da
prova e o nervosismo começava a aparecer. Sabia que os objectivos de tempos dos outros estreantes na maratona eram com tempos inferiores aos meus, e logo não poderia entrar em loucuras e assim foi. Muito perto do inicio da partida, o Vitor Lopes perguntou-me se ia fazer um ritmo de 6min/km e se poderiamos fazer os dois juntos a maratona, até porque ambos eramos estreantes.
Eu já tinha o meu ritmo muito bem delineado, por isso combinei com ele partirmos juntos e irmos gerindo a corrida da melhor forma possível- só queria chegar ao ponto de partida de onde saímos, após 42 kms pelas ruas de Lisboa. Afinal, o meu objectivo era chegar ao fim, com um sorriso de vitória e demonstrando-me a mim mesmo que seria capaz.
Tinha traçado o objectivo de controlo de 10 em 10 kms, correu como delineado ao ritmo 6min/km até aos 25 km. Neste momento, fui-me cruzando com diversos companheiros dos Run 4 Fun que estavam a fazer a meia-maratona e alguns que já regressavam do trajecto da maratona, sempre dando um apoio incondicional nesta fase que já se estava a tornar complicada, já que as pernas estavam a começar a dar sinal. Em todos os reabastecimentos cumpri com a agua e banana, cubos de marmelada etc. Já no regresso para Belém, andámos um pouco pela 1ª vez, já que as pernas começavam a “pesar”.
Aqui foi uma fase de partilha de emoções e de gestão quer física, quer psicológica, o Vítor Lopes foi um companheiro e amigo incansável, íamos os dois lado a lado, e dizíamos um para o outro – “ vamos lá 1,2,3, embora…” e lá fomos Km em Km até ao chamado “muro” que se aproximava a cada Km que completávamos… sabíamos que estava próximo mas não chegava… mas que seria perto da famosa
Almirante Reis.
E não é que foi aí mesmo, os Kms demoravam uma eternidade a passar, cada 300 metros era uma conquista, tivemos de caminhar mais uma vez e aqui iríamos ver quem eram os campeões!! Passado um tempo e com o cansaço quer físico quer psicológico, o Vítor Lopes diz-me: ”Tiago, vamos lá correr não
podemos fazer isto tudo a andar” e arrancámos até à Alameda e o objectivo estava quase concretizado, faltava só o quase, já que víamos a rotunda do Areeiro lá em cima, meio a caminhar meio a correr sabíamos que chegando lá estávamos muito perto de acabar. O tempo era o menos, mas até estávamos muito bem, digo eu…
Entrámos na Av. João XXI e faltavam 2 Kms, parecia que tínhamos voltado ao início da corrida e deu-se um click: agora é até ao fim sem parar, as pernas pesavam “toneladas”, os músculos puxavam e nós lá íamos sempre lado a lado como o sempre fizemos ao longo dos 40 kms já deixados para trás. Entrámos na Av. Roma e depois descemos um pouco a Av. Estados Unidos da América, recebendo os últimos incentivos, estávamos muito perto, muito perto mesmo ... já na Rio de Janeiro, o coração começou a bater forte, muito forte porque sabia que a minha mulher e os meus 2 filhotes me aguardavam, junto com a minha irmã vinda da Finlândia e o meu cunhado que também fez a meia–maratona, os meus avós com mais
de 80 anos a aguardar-me com aquele frio, assim como o meu “primo”- Nuno Dias Almeida, o meu mentor, companheiro, treinador, incentivador, sei lá tantos adjectivos que poderia descrever aqui..
Senti uma forte emoção ao me aperceber que a minha 1ª Maratona iria ser concluída. Mas, forte, forte foi a alegria de ver a minha mulher- Ana e os meus filhotes (Inês e Gonçalo) que aguardavam o pai impacientemente na entrada do estádio, e eles correrem para os meus braços, com um dorsal “O meu pai é o Maior”. Que orgulho! A emoção foi tanta que após quase 42 kms, tive força para pegar os dois ao colo e levá-los alguns metros. Que surpresa boa que a minha mulher me fez. Jamais esquecerei este momento…
Queria correr com eles até à meta, e o meu primo disse-me:
“Parabéns Atleta- continua ” e foi ele que os levou até à meta.
Tenho de fazer um agradecimento especial ao Vítor Lopes, que esperou alguns segundos por mim e lá fui eu ter com ele, para finalizarmos este desafio juntos e passar a meta lado a lado, com um abraço sentido no final e uma calorosa recepção vinda das bancadas pelo fantástico grupo Run 4 Fun.
Deixo aqui umas palavras -“Vitor Lopes, juntos do inicio até ao fim fomos uns vencedores, foi duro, desafiante, comovente, sofredor, motivador, etc. Conseguimos, obrigado pelo teu apoio em todos os momentos desta magnífica prova”.
O tempo é o menos importante neste dia tão fascinante, mas fica aqui como registo para mais tarde recordar (4h 43m, média 6m42s/km)
Resultado
final: Tempo Oficial 4:43:56; Dorsal 1446; Ritmo
6:44min/km – Pos.-1095
Gostaria de deixar um agradecimento à minha mulher e filhos, que me apoiam e aturam desde que tenho
este “vírus laranja R4F” que só nestes últimos 6 meses fez-me a correr 780Kms…
claro não posso deixar de agradecer aos restantes parceiros de corrida… de todos os conselhos que me foram passados até ao meu inicio da maratona e após o fim da mesma.
Desejo rápidas recuperações de todo o esforço de ontem, e muitas corridas para todos.
Lá estaremos numa próxima, sim porque esta aventura não acaba por aqui…
RunAbraços
Tiago Ribeiro
Há uns 6 meses atrás nem eu acreditava que íria correr 10 Kms, apesar de ter sido desportista ao longo dos anos.
O meu primo - Nuno Dias de Almeida- foi o grande impulsionador para o despertar deste bichinho que foi-me correndo nas veias ao longo dos meses e que me foi desafiando etapa, após etapa.
Sempre fui uma pessoa muito positiva e desafiadora… aprecio testar e ultrapassar limites… e assim foi! Ontem, por diversas razões, foi um dos dias mais enriquecedores de toda a minha vida.
Fez-me relembrar muita coisa boa que já se passou ao longo destes últimos 6 meses na companhia deste magnífico grupo RUN 4 FUN- pessoas com um coração enorme, um companheirismo e uma entre ajuda fora de série.
Preparei o meu plano de Treino com a “ASICS” (só estive em falta na distância dos longões) mas só com uma antecedência de 60 dias, o que foi muito puxado mas, o objectivo era para ser cumprido. Tomei a decisão de não optar por ritmos demasiado ambiciosos, mas abordar a corrida com a estratégia previamente definida de 6’’/Km. Embora tenha tido algumas vezes vontade de acelerar, mantive no meu pensamento os sábios conselhos que fui “absorvendo” de alguns experientes como o caso do João Ralha, do José Carlos Melo e do Teodoro Trindade, contendo-me no meu ímpeto inicial, sempre ciente que iria ser “duro”.
A expectiva foi muita até este grande dia. Algumas horas sem dormir a delinear todo o percurso; os diversos treinos sozinho; e, um role de questões que se apoderavam da minha cabeça. Na noite anterior toda a logística pronta para a grande prova dos 9.
Na manhã de domingo, estava fresquinho, mas bom para correr 42Kms. Lá fui eu a caminho da Av. Rio de Janeiro (Inatel) ao encontro dos meus companheiros do Run 4 Fun - a “laranja mecânica”- sempre presentes em diversas provas de atletismo em todo o país. Recebi os últimos conselhos de gestão da
prova e o nervosismo começava a aparecer. Sabia que os objectivos de tempos dos outros estreantes na maratona eram com tempos inferiores aos meus, e logo não poderia entrar em loucuras e assim foi. Muito perto do inicio da partida, o Vitor Lopes perguntou-me se ia fazer um ritmo de 6min/km e se poderiamos fazer os dois juntos a maratona, até porque ambos eramos estreantes.
Eu já tinha o meu ritmo muito bem delineado, por isso combinei com ele partirmos juntos e irmos gerindo a corrida da melhor forma possível- só queria chegar ao ponto de partida de onde saímos, após 42 kms pelas ruas de Lisboa. Afinal, o meu objectivo era chegar ao fim, com um sorriso de vitória e demonstrando-me a mim mesmo que seria capaz.
Tinha traçado o objectivo de controlo de 10 em 10 kms, correu como delineado ao ritmo 6min/km até aos 25 km. Neste momento, fui-me cruzando com diversos companheiros dos Run 4 Fun que estavam a fazer a meia-maratona e alguns que já regressavam do trajecto da maratona, sempre dando um apoio incondicional nesta fase que já se estava a tornar complicada, já que as pernas estavam a começar a dar sinal. Em todos os reabastecimentos cumpri com a agua e banana, cubos de marmelada etc. Já no regresso para Belém, andámos um pouco pela 1ª vez, já que as pernas começavam a “pesar”.
Aqui foi uma fase de partilha de emoções e de gestão quer física, quer psicológica, o Vítor Lopes foi um companheiro e amigo incansável, íamos os dois lado a lado, e dizíamos um para o outro – “ vamos lá 1,2,3, embora…” e lá fomos Km em Km até ao chamado “muro” que se aproximava a cada Km que completávamos… sabíamos que estava próximo mas não chegava… mas que seria perto da famosa
Almirante Reis.
E não é que foi aí mesmo, os Kms demoravam uma eternidade a passar, cada 300 metros era uma conquista, tivemos de caminhar mais uma vez e aqui iríamos ver quem eram os campeões!! Passado um tempo e com o cansaço quer físico quer psicológico, o Vítor Lopes diz-me: ”Tiago, vamos lá correr não
podemos fazer isto tudo a andar” e arrancámos até à Alameda e o objectivo estava quase concretizado, faltava só o quase, já que víamos a rotunda do Areeiro lá em cima, meio a caminhar meio a correr sabíamos que chegando lá estávamos muito perto de acabar. O tempo era o menos, mas até estávamos muito bem, digo eu…
Entrámos na Av. João XXI e faltavam 2 Kms, parecia que tínhamos voltado ao início da corrida e deu-se um click: agora é até ao fim sem parar, as pernas pesavam “toneladas”, os músculos puxavam e nós lá íamos sempre lado a lado como o sempre fizemos ao longo dos 40 kms já deixados para trás. Entrámos na Av. Roma e depois descemos um pouco a Av. Estados Unidos da América, recebendo os últimos incentivos, estávamos muito perto, muito perto mesmo ... já na Rio de Janeiro, o coração começou a bater forte, muito forte porque sabia que a minha mulher e os meus 2 filhotes me aguardavam, junto com a minha irmã vinda da Finlândia e o meu cunhado que também fez a meia–maratona, os meus avós com mais
de 80 anos a aguardar-me com aquele frio, assim como o meu “primo”- Nuno Dias Almeida, o meu mentor, companheiro, treinador, incentivador, sei lá tantos adjectivos que poderia descrever aqui..
Senti uma forte emoção ao me aperceber que a minha 1ª Maratona iria ser concluída. Mas, forte, forte foi a alegria de ver a minha mulher- Ana e os meus filhotes (Inês e Gonçalo) que aguardavam o pai impacientemente na entrada do estádio, e eles correrem para os meus braços, com um dorsal “O meu pai é o Maior”. Que orgulho! A emoção foi tanta que após quase 42 kms, tive força para pegar os dois ao colo e levá-los alguns metros. Que surpresa boa que a minha mulher me fez. Jamais esquecerei este momento…
Queria correr com eles até à meta, e o meu primo disse-me:
“Parabéns Atleta- continua ” e foi ele que os levou até à meta.
Tenho de fazer um agradecimento especial ao Vítor Lopes, que esperou alguns segundos por mim e lá fui eu ter com ele, para finalizarmos este desafio juntos e passar a meta lado a lado, com um abraço sentido no final e uma calorosa recepção vinda das bancadas pelo fantástico grupo Run 4 Fun.
Deixo aqui umas palavras -“Vitor Lopes, juntos do inicio até ao fim fomos uns vencedores, foi duro, desafiante, comovente, sofredor, motivador, etc. Conseguimos, obrigado pelo teu apoio em todos os momentos desta magnífica prova”.
O tempo é o menos importante neste dia tão fascinante, mas fica aqui como registo para mais tarde recordar (4h 43m, média 6m42s/km)
Resultado
final: Tempo Oficial 4:43:56; Dorsal 1446; Ritmo
6:44min/km – Pos.-1095
Gostaria de deixar um agradecimento à minha mulher e filhos, que me apoiam e aturam desde que tenho
este “vírus laranja R4F” que só nestes últimos 6 meses fez-me a correr 780Kms…
claro não posso deixar de agradecer aos restantes parceiros de corrida… de todos os conselhos que me foram passados até ao meu inicio da maratona e após o fim da mesma.
Desejo rápidas recuperações de todo o esforço de ontem, e muitas corridas para todos.
Lá estaremos numa próxima, sim porque esta aventura não acaba por aqui…
RunAbraços
Tiago Ribeiro
Tiago,
ResponderEliminarcorrer durante quase 5 horas não é para qualquer um. Só com grande capacidade de sacrifício se consegue.
Bem vi tu e o Vítor fazerem a corrida juntos, no inicio com boa cara, no final com alguns sinais de cansaço o que é natural.
Foi uma grande vitória que te deve deixar orgulhoso.
Parabéns,
AC
Belíssimo relato, Tiago.
ResponderEliminarAcho que o fazermos uma Maratona nos dá uma grande inspiração.
O apoio da família, dos amigos é muito importante, mas para fazer uma maratona temos que ter a capacidade de correr sozinhos. Sim, porque a maioria dos treinos, como tu bem disseste, é feita sem companhia. E são muitos km, no teu caso, quase 800 km. Isso é o que custa mais.
Acabar a Maratona é o corolário de todas essas horas, muitas vezes de sacrifício.
Porque a verdade é que sofrer é o preço que temos que pagar para correr com prazer.
Parabéns e a próxima está à vista...são só uns meses.
Runabraços
Quem diria Amigo Tiago, à uns meses atrás que isto seria possivel?
ResponderEliminarAcreditaste, treinaste, finalizaste com todo o mérito e merecimento.
Parabéns pelo relato e pelo exemplo de entrega e sacrificio a um sonho.
Runabraços
Grande Tiago
ResponderEliminarQue grande emocionante epopeia conquistada metro a metro…
Obrigado pelos elogios mas no Domingo foste Tu o herói dos teus filhos e também o meu!
De facto quem se candidata a uma Maratona, com um PBT de 2h08m em Setembro na única Meia e em treino faz 1h55m retirando 13m… está certamente pronto para qualquer Maratona.
Que grande feito correr 283 minutos e 56 segundos seguidos para os 42.
Corrida muito bem planeada e gerida, soubeste escolher o ritmo e dosear o esforço até ao final apesar da pouca experiência.
Claro que o mérito tem de ser partilhado com outro herói do dia o Vitor Lopes, juntos e incansavelmente perseguiram aquele Estádio, onde a Laranja mecânica brilhava.
Sabia que estavas á altura e agora a questão é quantos 13m tirarás na próxima Maratona??
Parabéns á família pelos sacrifícios e ao Autor.
Orgulhoso da tua primeira maratona e que venha a próxima.
Obrigado Tiago pelo relato são relatos tão detalhados que nos fazem acreditar que um dia também eu vou conseguir...e Parabéns sem dúvida que correr tanto tempo e chegar com tanta alegria merece parabéns
ResponderEliminarParabéns Tiago!
ResponderEliminarBelíssima e emocionante descrição. Quem diria que terias esta evolução?
A 1ª Maratona é um feito que vai ficar gravado na memória.
Agora é começar já a preparar a próxima e identificar pormenores a melhorar.
RunAbraços.
Caro Tiago, és realmente "o maior".
ResponderEliminarRunabraços
Parabéns Tiago.
ResponderEliminarNão só és o maior como o teu coração é também o maior do mundo.
Foi uma prestação magnifica num dia para recordar toda a vida. Deves estar muito orgulhoso.
RunAbraços
Muitos Parabéns Tiago.
ResponderEliminarNa próxima, que será certamente com um tempo inferior vais ver que será mais FUN.
Tal como comentei com a prestação do César, é preciso gerir bem o futuro próximo depois de se fazer "logo" uma Maratona com tão pouco tempo de corrida.