O caminho para a Meia Maratona do Douro Vinhateiro: a primeira distância a sério (com ajuda!)
Corria a primeira metade de 2021 e longe estava eu de pensar
que um ano depois estaria a finalizar uma prova de corrida de 21km. Eu, que o
máximo que já tinha corrido seguido na vida tinham sido 12km há uns 8 anos
atrás, “em forma” e com 25 anos, mas a muito custo.
“Isso é só para malucos”, “Não tenho joelhos para isso”,
“Sou muito pesado e já tou velho”, algumas das desculpas clássicas que eram
também as minhas para não me desafiar a correr mais e melhor. Como tudo na
vida, basta-nos um empurrãozinho para começarmos a pensar que o que parecia
impossível, afinal até vai ser fácil. No meu caso, foram vários os empurrões
que me deram em 2021 para tornar estes 21km possíveis e totalmente atingíveis.
Até vou dizer fáceis, porque não?
O que é que são 21km comparados com os empurrões da vida,
quer seja na forma de doenças graves (mas superadas!) ou perdas de jovens
amigos de longa data, que só voltaremos a ver e sentir na nossa mente? Já o
sabia que não eram nada, mas tinha de os correr para ter a comparação bem
assente. Não são nada, agora garanto!
Mas focar-me-ei nos empurrões bons, que começaram logo no
final do ano passado a alimentarem-me o espírito para a definição do objectivo
agora cumprido. Senti que tinha de limpar a mente ao mesmo tempo que treinava o
corpo, e por isso aceitei os desafios que me foram lançando. Voltei a
inscrever-me em provas de distâncias que já conhecia do passado (7km, 8km, 5km,
10km). Fui começando a correr acompanhado por quem me desafiou inicialmente, o João e a
Ana, sempre eles, mas também por quem eu próprio ia desafiando: a Débora, o
Luís, o Marinho, o Sérgio.
“Mas dá para correr 10km sem ser em prova pah, é o que fazemos
todas as quintas-feiras!”
Esta malta deve estar é maluca... Só me sujeito a isso se me
derem uma camisolinha, uma maçã e uma água no fim.
“Fazemos melhor: há sempre um lanchinho convívio no fim, com
umas chouriças e umas minis”
Não estou aqui para mentir a ninguém: se não houvesse chouriças e minis no fim do primeiro Treino da Paz dos Run 4 Fun a que compareci em Almada (onde corri os 10km com paragens e a custo), eu não tinha feito uma Meia Maratona no fim de semana passada. E é destes empurrões que a vida precisa, destes convívios onde conhecemos uma ou outra pessoa mas que parece que já conhecemos a malta toda depois de correr uns km. Ou depois da primeira mini, vá...
Após o primeiro Treino da Paz, vieram o segundo, o terceiro
e todos os restantes, vieram corridas matinais às 6h30 da manhã (hora a que até
então só acordaria se tivesse um avião para apanhar, ou um grelhador para
acender ao lado do estádio do Jamor pra ver a final da taça), vieram as
inscrições em provas de trail e as viagens e convívios brutais para as
realizar, vieram as corridas mais longas de 11, 12 ou 15km, vieram as corridas
de terça-feira com os Mosqueteiros, e algures aqui pelo meio devo-me ter
inscrito na Meia Maratona do Douro Vinhateiro, assim meio almareado com tanto
treino. Era a “mais bela corrida do mundo”, se era para ser, que fosse nesta!
No fundo e tudo somado, foi isto o mais importante para não me sentir acabado ou demasiado cansado a fazer 21km, como pensava que me sentiria quando encarei o desafio: treinar, treinar, conviver, treinar, conviver, treinar, partilhar, treinar... Sei que não estou a ensinar ninguém, toda a gente sabe que com mais treino conseguimos fazer melhores provas ou correr maiores distâncias. Mas com mais convívio, partilha e companhia nos treinos que realizamos, parece-me que a evolução é exponencial. Pelo menos foi isso que senti, e que ainda sinto a treinar com os Run 4 Fun. A partilha de experiências e treinos, de saber que há seres humanos que estão ali à nossa frente, iguais a nós e no convívio, que já finalizaram provas de 50, 100, 150 ou 300km, dá-nos uma motivação diferente, dá-nos um sentido de objectivo quase transcendental. E foi por isso que os 21km ficaram fáceis de cumprir.
Não posso deixar de reflectir e observar que, para quem
tinha 108kg e não corria regularmente no início do ano, em tão pouco tempo a
evolução seja tão palpável. Em Janeiro corria 10km a custo. Hoje é sexta-feira,
3 de Junho: fiz os 21km de prova no passado domingo, treinei 11km na
terça-feira e mais 10km ontem... Tenho para mim, por observação de quem me
rodeia no dia-a-dia, que a perspectiva que se tem das corridas/treinos antes de
se começar a fazê-lo de forma regular está bem longe da verdade.
Mas... A culpa de tudo o que escrevi acima se ter
concretizado também é partilhada, e tenho de agradecer principalmente a 3
pessoas. Ao João Antunes e à Ana Chocalheiro, que fizeram retornar estas pernas
às corridas, com convívios junto deste maravilhoso grupo que desconhecia e de
que agora faço parte. E à Débora Almeida, que como eu foi desafiada mas
rapidamente passou a desafiar também, acompanhando-me em todas as provas. Com
companhia é sempre mais fácil!
Posto isto, o que é que se faz quando se cumpre um objectivo projectado para 2022 logo a meio do ano? Inventa(m)-se outro(s)! Como esta Meia Maratona foi feita em 2h9min, a próxima tem de ser abaixo das 2h, dê por onde der! Em Dezembro estamos aí na Meia Maratona dos Descobrimentos, bora!
Trails? Também vão ter de acontecer, de preferência a
experimentar novas distâncias mais próximas do que corri nesta prova.
O foco? Divertir-me, sempre!
Ainda estou aqui a recuperar do teu testemunho, de lágrima no canto do olho e a pensar que algumas destas palavras podiam ter sido escritas por mim. Não podia estar mais de acordo contigo quanto aos treininhos de quinta que, no seu todo e, em particular, no recovery, reforçam os laços entre os 🍊 e incentivam quem, tal como nós, achava que não era capaz de correr mais do que para apanhar o autocarro.
ResponderEliminarDepois, a Ana e o João, aquela dupla incrível que todos os grupos do mundo deviam ter. São incentivo, energia, boa disposição e amizade pura. Temos os melhores padrinhos! Ou pelo menos, os mais doidos e os que nos desafiam a sair sempre da nossa zona de conforto.
Mas para chegar até aqui e poder dizer que os 🍊 tornaram a minha vida mais feliz, tenho de falar de ti e da melhor pergunta que já me fizeste, além de "vais querer birra?". Aquele primeiro convite para me juntar a ti e a este grupo que rapidamente se tornou família e me tem proporcionado momentos inesquecíveis. Se não fosses tu, eu não estaria aqui a escrever isto. Por isso, obrigada, de 🧡, por me teres desafiado a juntar-me à malta e por já me teres acompanhado em muitas corridas. O meu desejo é que venham muitas mais, em estrada ou trail. Juntos é mais fácil! 💪🏼
E eu já te disse isto pessoalmente, mas estou muito orgulhosa da tua primeira meia. Estás de parabéns por teres chegado ao fim e logo com esse tempo. Em Dezembro fazemos abaixo das duas horas, vais ver! 😏
É nois!!! :D
EliminarFonseca és uma grande aquisição! Que continuemos por estas lides muitos anos, muito no Run e no Fun!!
ResponderEliminarGrande Pedro,
ResponderEliminarPrimeiro que tudo Parabéns pela prova e pelo percurso que fizeste até a conquista!
Segundo, parabéns e obrigado pelo relato.
Dizes tantas coisas com que me identifico no passada e no presente. Desde a entrada no Clube até os treinos para cumprir objetivos de provas.
E sem lesões isso é importante.
Tens um bom espirito e foco. Isso é meio caminho para conseguires fazer menos de 2horas.
Parabéns!!
Runabraço
Rui
Fonseca tens jeito para a escrita e para a corrida. És um atleta sempre bem disposto e motivador.
ResponderEliminarParabéns.
À Débora só posso dizer que é uma força da Natureza.
Forte abraço
Parabéns Pedro.
ResponderEliminarAté á próxima aventura.
Um abraço.
Grande Pedro!
ResponderEliminarObrigado pela partilha, belo texto. Aposto que ele vai ser inspirador para que outros sigam o teu exemplo e deixem de ter "medo de arriscar" nas meias ou nas inteiras. Parabéns.
Fico à espera da tua próxima aventura, e depois do relato.
Abraço