II Ultra Trilhos dos Abutres - Uma aventura
A proposta: 45 km, 2.100 de subida acumulada, dificuldades várias. A nossa, minha e da Luísa, 1ª Ultra - são definidas como as provas com distância superior à da Maratona.
Jantámos em Miranda do Corvo com os organizadores da prova a convite do Zé Carlos Morais dos Santos que conhece bem o Vitorino Coragem o "alma mater" desta prova. E lá estava toda a equipa Run 4 Fun: a família Luís Matos Ferreira, Jorge Esteves e Teodoro, Paulo Jorge e o nosso amigo Zé Carlos e a mulher, a Vânia, que participaou na caminhada tal como a mulher e os filhos do Luís. O Nuno Dias de Almeida viajou apenas no Sábado, dia da prova.
Saímos de Lisboa na 6ª feira à tarde, em direção à Lousã, onde ficámos no Mèlia Palácio da Lousã, um hotel muito bonito, confortável e de preço muito competitivo. Visitámos na Lousã, o castelo medieval, a ermida de Nª Sª da Piedade e a praia fluvial, perto da qual está o restaurante "O Burgo", do qual temos as melhores referências. Um local muito bonito.
Jantámos em Miranda do Corvo com os organizadores da prova a convite do Zé Carlos Morais dos Santos que conhece bem o Vitorino Coragem o "alma mater" desta prova. E lá estava toda a equipa Run 4 Fun: a família Luís Matos Ferreira, Jorge Esteves e Teodoro, Paulo Jorge e o nosso amigo Zé Carlos e a mulher, a Vânia, que participaou na caminhada tal como a mulher e os filhos do Luís. O Nuno Dias de Almeida viajou apenas no Sábado, dia da prova.
Reparem que eu digo "prova" e não corrida e já vão perceber porquê?
Uma excelente organização à qual daria 8,5 em 10 pontos, com um pequeno senão: o atraso na partida que era suposta ser às 8:30 e foi apenas às 8:45. Havia animação com os gaiteiros de Miranda do Corvo um bom ambiente, como é normal neste tipo de provas e estava frio, mas com o Sol já a brilhar, sem nuvens.
Iniciada a prova lá seguimos para o Cristo Rei de Miranda de Corvo e depois para o Parque Biológico, um local muito bonito onde aproveitei para tirar o corta-vento e preparar os bastões que utilizei no resto da prova. Passámos zonas cheias de lama, onde quase fiquei sem os sapatos, algumas vezes. Com subidas bem inclinadas, como numa zona onde havia uma levada e vários moinhos de água. O que seria aquilo se tivesse chovido. Aos 15 km apanhei a Luísa que seguia com o Carlos Coelho, fui um pouco à frente até ao abastecimento dos 20 km, onde esperei por ela e a partir daí fomos sempre juntos, até ao fim da prova.
Começaram aí as grandes dificuldades, com a subida ao topo perto dos geradores eólicos, depois a passagem por corta-fogos a descer que eram autênticas pistas "pretas" do ski, com uma inclinação medonha, seguida pela subida de outro corta-fogo, com inclinação semelhante, depois passagens junto ao rio em "single tracks" (sítios onde só passa uma pessoa de cada vez), a subir agarrados às árvores e com descidas altamente "técnicas" (difíceis), passando por pontes de toros de madeira que tremiam à nossa passagem. Descidas de socalcos com cerca de 1,5 a 2 metros, quase a pique, e finalmente uma subida "de gatas" no final da qual estavam os bombeiros, perto dos 30 km a dizer que a partir daí já não existiam subidas tão difíceis como aquela.
Pois não, o que havia era uma descida de 200 metros, depois de Gondramaz, que até "metia medo ao susto". Antes dessa descida estavam elementos da organização a perguntar se nos sentíamos bem, com força, porque a descida ia ser muito "técnica". Já sabem o que quer dizer. Do pior, com zonas muito estreitas, à beira de ravinas muito inclinadas e com uma "via ferrata" que são zonas, onde pelo seu grau de dificuldade, são cravadas estacas metálicas nas rochas, nas quais são colocadas "cordas" de aço revestidas a plástico, às quais nos temos que agarrar para não cairmos ravina abaixo.
Depois desse "petisco", nova zona de "single track" junto ao rio com locais extremamente belos, com cascatas, zonas cheias de musgo onde o Sol não entra. E aí já eram quase 17 horas, começava a estar perto, a noite.
Lá continuamos até ao último abastecimento aos 40 km onde chegámos ainda de dia. E daí até à meta eram estradões e caminhos sem grande dificuldade. Já era noite quando nos aproximamaos de Miranda do Corvo, e lá fomos até à meta no pavilhão onde chegámos com 9h54 minutos, estava a "speaker" a chamar o Zé Carlos Santos para ele receber o 1º prémio do escalão dos mais de 50 anos. Parabéns Zé Carlos
Em resumo, uma caminhada, com alguns momentos de corrida e outros de escalada, tipo alpina., numa muito boa organização, com abastecimentos de grande qualidade e variedade, bebi uma cerveja aos 20 km, deram-nos sopa quente aos 30 km, havia sempre elementos da organização nas zonas de cruzamentos, o banho foi com água quente no pavilhão e o almoço/jantar estava bom, no refeitório da escola secundária.
Voltarei lá? A minha reação após a prova foi dizer que nem pensar, dada a dificuldade e os perigos que ultrapassámos em zonas onde seria extremamente difícil os bombeiros irem lá buscar alguém, que se tivesse lesionado. Até parece que existe uma competição entre os organizadores de "ultras" a ver quem é que faz a prova mais difícil.
Passados alguns dias, sem grandes problemas, já digo que, talvez!!! Mas aconselho a quem queira participar numa prova deste tipo que se prepare muito bem, não apenas a correr mas também a fazer caminhadas e escaladas em montanha e que utilize bastões, que foram de grande utilidade.
O Nuno D. Almeida, que fez a sua 1ª prova em montanha ( e que 1ª prova!!!!) anda a preparar um "post" que deve estar uma maravilha, mas entretanto aqui fica esta breve descrição de uma prova inesquecível.
Runabraços
João, obrigado pelo excelente relato, com extensos pormenores.
ResponderEliminarImpressiona só de ler essa "prova".
Que grande aventura!!!
São, de certeza, memórias inesquecíveis que vocês têm destes "trilhos"!
Realmente tem de se estar muito bem preparado para se atirar para uma aventura destas.
Parabéns à Luísa, ao Zé Carlos, ao Teodoro, ao Jorge, ao Nuno Dias de Almeida, ao Luís Matos Ferreira e a ti.
Felicitações especiais às famílias que acompanham os participantes e fazem do dia uma festa familiar, um momento de convívio e uma partilha de momentos inesquecíveis!
A ti João um especial obrigado pelo relato.
Bela descrição João!
ResponderEliminarEspelha muito bem as características da prova e o cenário.
De acordo quanto à dificuldade técnica que para mim também foi maior do que esperava e que na minha opinião comporta riscos a nível de lesão para os menos preparados.
Pessoalmente prefiro terreno menos técnico onde me sinto mais à vontade mas quanto ao cenário foi simplesmente magnífico.
Parabéns a todo o contingente laranja, sobretudo ao Nuno pela estreia logo numa prova tão dura quanto esta!
E uma palavra final de agradecimento para a Luisinha e para o Benuron que me deu à partida, e que tanto me ajudou a suportar as dores no meu joelho :-)
Zé Carlos Santos
Uma vez mais, aquele relato Fantástico a que já estamos habituados.
ResponderEliminarParabéns João, pela escrita, consegues fazer-nos sentir parte do cenário.
Parabéns a todos...e pelo que tenho lido, assistimos a grandes resultados, até pelos "debutantes" :-).
Imagino que tenha sido mais uma aventura maravilhosa.
Nestes posts digo sempre o mesmo "ao ler o relato a vontade que tenho é começar nestas andanças ASAP", o Zé Carlos e o Paulo, já me deram vários "bennuron's" com o bicho lá dentro :-).
Este ano vou seguramente repetir a do Almonda...até lá tenho as maratonas de Sevilha e Madrid e pelo meio a Meia-da Ponte (debut da Cris).
Vamos ver quando é que avanço...porque avançar seguramente que avançarei :-).
Runabraços
Muitos parabéns ao casal Ralha.
ResponderEliminarSão uns vencedores, pelo que soube acho que esta foi uma das provas mais duras até hoje. Pelos relatos dos participantes, só quem por lá passou é que sentiu a "dureza" da mesma, mas também a sua beleza paisagistica, pelo que dizem imagens únicas.
Julgo que este ano também irei iniciar os trilhos, como uma nova experiência, já que os relatos que tenho lido e as imagens que tenho visto deve ser uma experiência magnifica.
Boa recuperação das "longas 09h e pouco" - de corrida, caminhada, etc.
Tudo de bom para vós.
Runabraço
Só faltou mesmo de dar Parabéns ao Zé Carlos, ao Teodoro, ao Jorge, ao Nuno Dias de Almeida e ao Luís Matos Ferreira.
ResponderEliminarTodos são magnificos e corajosos atletas por trem participado e concluido esta prova durissima ...
Runabraços
Caro João,
ResponderEliminarMagnífico relato! Não tenho dúvidas que o casal Ralha e os restantes companheiros que concluíram a prova são dotados de um espírito desportivo e de um foco e uma resiliência pouco comuns.
Vou-me estrear no Trail de Penafirme de modo a , um dia, poder correr a vosso lado. Orgulhosamente.
Run Abraços.
Grande Post João.
ResponderEliminarQuase tão bom como a tua prestação no passado sabado.
Brilhante a descrição transportou-me novamente á Serra da Lousa...
Correu muito bem e é uma prova só ao alcance de pessoas muito determinadas.
O sentimento de que não repetiria para o ano, também para mim foi desaparecendo...
Até para o Ano!
Obrigado pelo constante apoio e interesse.
Parabéns a toda a equipa com especial destaque para a Luisa e para Ti com o registo de 9h54m.
O grande resultado do Luis Matos Ferreira.
E os imparáveis Teodoro e Jorge Esteves.
É muito querer.
RunAbraço,
NDA
João, obrigado pelo relato. Fiquei impressionado com a duração da prova, é mesmo para "duros". Parabéns aos valentes aventureiros que participaram em tão dificil evento.
ResponderEliminarObrigado João, excelente descrição desta exigente aventura.
ResponderEliminarPara mim, nesta jornada, quase tudo foi uma surpresa (o desnivel, a perigosidade de alguns troços, o excesso de lama, ...), mas sem dúvida que adorei superar mais este desafio. Na próxima contem comigo.
Parabéns a todos, estivemos magnificos.
Algumas fotos aqui.
Runabraços
João,
ResponderEliminarFui muito reconhecido por estas tuas coloridas crónicas que tão bem e tão minuciosamente descrevem estas provas na natureza em que participamos. Graças a eles fico com uma melhor ideia dos caminhos por onde andei, porque durante o decorrer da prova por vezes a minha atenção fica toda focada no local onde vou assentar os pés e perco a oportunidade de apreciar a envolvente cultural e paisagistica.
Runabraços
Obrigado a todos pelos vossos simpáticos comentários.
ResponderEliminarNão percam a bem humorada reportagem fotográfica do Teodoro. É que houve mesmo quedas, felizmente, sem quaisquer consequências.
O Luís M. Ferreira vai tão rápido que nem lhe dá tempo para ver a paisagem...grande Luís.
É verdade que com o tempo a vontade de voltar aos Abutres vai aumentando, muito embora ainda não tenha voltado a correr desde Sábado.
Curiosamente, não é por causa da prova, mas de um exercício que fiz na 2ª feira de manhã, que me "tramou" as costas. Mas espero voltar a correr na 6ª ou no Sábado.
Runabraços
João, gostei muito de ler o teu relato e de reviver esta aventura.
ResponderEliminarO trilho dos abutres é realmente uma prova fora do normal e das duas uma ou estamos bem preparados ou então a nossa resistência é levada ao limite.
Em todo o caso recomendo a todos que experimentem!
Parabéns a todos pelo esforço e pela participação
ResponderEliminarnessa prova tão difícil mas que deve ser de grande entre-ajuda
Um dia vou experimentar!!!
Belo relato. Vivas saudações aos ultras que completaram esta prova inclinada, corrida, caminhada, escalada.
ResponderEliminarRunabraços
Parabéns!!!
ResponderEliminar(o meu comentário será o mesmo para os posts sobre a vossa gloriosa odisseia)
Terminar uma prova desta é certamente um motivo de grande orgulho e satisfação. Estar tantas horas em constante actividade (corrida, caminhada, escalada, etc, etc.) é um feito grandioso.
Está visto que além da forma física, a maior adversidade nestas provas são as inúmeras dificuldades que as organizações "inventam" para testar os participantes.
As vossas descrições estão excelentes e fazem-nos facilmente transportar para o local dos acontecimentos parecendo nós que também estamos em plena prova.
Uma vez mais, PARABÉNS!