Trail Costa Vicentina 2018
As pessoas não param de me surpreender pela generosidade que colocam nos
relacionamentos, e muito em particular as que partilham comigo o gosto pela
corrida. Provavelmente não serão muito diferentes de outras que possuem interesses
distintos, mas gosto de pensar que o exercício físico e especialmente a corrida
potenciam a disponibilidade para esses relacionamentos.
(em Porto Covo, levantamento dos dorsais)
(Teodoro Trindade, Ana Amaro, José Amaro, Luís Matos)
Começamos
a descer pelas ruas de Santiago do Cacém mas rapidamente entrámos em caminhos
rurais de terra batida e muito arborizados. O relevo era suave. Quem não se
quisesse esforçar muito bastava reduzir um pouco o ritmo da passada e todas as
subidas poderiam ser feitas em passo de corrida. Anunciavam D+ 810 m e D- 1040
m (https://tracedetrail.fr/fr/trace/trace/54147) o que é muito pouco
em comparação com o usual nas provas de trilhos de distâncias equivalentes.
Esta característica não é uma desvantagem, pelo contrário, pode ser um
aliciante para quem pretenda aventurar-se nestas distâncias sem as dificuldades
de um piso irregular ou desniveis mais exigentes. Recomendo a todos os que
gostam de “rolar” ou pretendam efectuar o percurso em grupo.
(com o João Sousa em Porto Covo)
(em Porto Covo, levantamento dos dorsais)
Para o
passado fim de semana (20-21/out/2018) tinha programada a participação no Trail
Costa Vicentina (3ª edição), que se realiza no Alentejo ligando Santiago do
Cacém a Porto Covo. Anunciavam uma prova de 59 km, com relevo suave e baixa
altimetria, piso regular em “estradão” onde se poderia correr facilmente o
tempo todo, numa paisagem muito agradável. Uma prova “corrível” como se diz na
gíria.
O plano para
o fim-de-semana envolvia a saída de Lisboa no sábado à tarde, pernoitando em
Santiago do Cacém. A prova começa cedo, às 8h30. Antes de partir de Lisboa, no
sábado de manhã, enviei uma mensagem ao Luís Matos (GDR S. Francisco da Serra),
um extraordinário atleta de Santiago do Cacém que conheci na prova “24h a
Correr: Mem Martins”, pedindo-lhe que me indicasse um bom restaurante na zona
para o jantar. O Luís respondeu-me de imediato com um mais do que simpático convite
para jantar na sua casa, juntamente com a sua família. Este convite era
obviamente extensivo à Guida e ao Jorge Esteves que me acompanhavam. Não podíamos
recusar.
Saímos de
Lisboa a meio da tarde em direcção a Porto Covo para levantar os dorsais e de
imediato seguímos até Santiago do Cacém onde chegamos já de noite. Na entrada
do hotel já estava o Luís à nossa espera (estas gentilezas não têm preço), que
nos levou até à sua casa onde nos esperava a família: a filha e a esposa
(Milene e Isaura), o irmão, a cunhada e o sobrinho, e o Daniel (o namorado da
Milene), assim como o Kiko o simpático bichon maltês da família. Foi um fim de
tarde muito agradável. O jantar estava uma delícia, entradas de queijo,
presunto, ovos e paté, como prato principal uma saborosíssima “massada de
sapateira”, e para sobremesa gelados de caramelo e menta. Dificilmente poderia
ser melhor, muito obrigado. Voçês são fantásticos e o vosso gesto ficar-nos-á para
sempre no coração.
O local da partida da prova foi o Castelo de Santiago do Cacém,
junto à Igreja Matriz, às 8h30. Estava uma manhã perfeita para a corrida,
fresca e com humidade elevada. Do RUN 4 FUN, além de mim e do Jorge Esteves, também
participou na prova o nosso campeão, o João Sousa, o Kipchoge do Monsanting
(este rapaz é um foguete).
(após a partida, em Santiago do Cacém)
(na praia, à chegada a Porto Covo)
Tal
como faço quase sempre, comecei a prova devagar. Durante os quilómetros
iniciais formamos um grupo de 4 pessoas, na altura com andamentos semelhantes,
o Jorge Esteves, o Nuno Santiago, o Sandro Silva (ATR) e eu. A conversa era
agradável mas o ritmo não era o adequado e o grupo desfez-se. Mais à frente
encontrei o José Simões, a esposa e o Tiago Dionísio que na véspera tinha
completado o Trail de Abrantes. Um imparável atleta este Tiago. Percorremos
juntos largos quilómetros do percurso até ao último abastecimento. Nessa altura
já faltavam poucos quilómetros para chegar a Porto Covo e o ritmo do Tiago era
bem superior ao meu. Para ajudar, começou a chover à séria, chuva forte que
rapidamente alagou o caminho tornando difícil manter uma progressão confortável.
Mas felizmente a chuva só durou cerca de 15 min, quando passei pela praia já o
Sol brilhava de novo. A entrada em Porto Covo é espectacular, casas térreas, ruas
largas e desimpedidas, e apoio constante fazem-nos esquecer o cansaço e ajudam-nos
a “voar até à meta”.
(com o João Sousa em Porto Covo)
E pronto,
concluí a prova em 6h12:35, ficando em 28º da geral e 1º do escalão M55. Não
foi uma prestação brilhante mas fiquei muito contente com o resultado.
(com o Jorge Esteves em Porto Covo)
Como
nota final reafirmo-vos que esta é uma prova excelente onde quase tudo é
perfeito: organização, percurso, apoio, simpatia, etc. A minha única sugestão é
o reforço alimentar dos abastecimentos. Para percorrer 59 km é necessário um
pouco mais do que fruta e isotónico. Faz falta algo mais substancial, como
queijo, presunto, bolachas, ou por exemplo uma sopa. Fica aqui a sugestão.
Certamente
que vou tentar voltar no próximo ano ... e gostava de ter companhia ... de
preferência numerosa.
Belo relato do nosso grande Teodoro Trindade, que para além de extraordinário atleta, também escreve muito bem. Um convite irrecusável, para uma prova numa zona muito bonita. Obrigado pela partilha. Runabraço.
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