A minha primeira maratona
Autor: Patricia Calado
Data: fevereiro 24, 2014
Éramos quatro estreantes Run 4 Fun na Feira, eu a Rute Fernandes, a Paula Carvalho e a Sandra Simões! Fizemos tudo a que tínhamos direito, incluindo a famosa Pasta Party! Após mais de uma hora de espera, comemos com gosto a massa com carne, queijo e um belo gaspacho!
Foi tempo de ir ao hotel deixar as malas, dar uma volta por Sevilha e apreciar umas tapas e cañas na companhia das colegas estreantes e da família. O plano estava traçado, jantar às 19h30, chegada ao hotel até às 22h e luz apagada antes das 23h! A Paula Carvalho bem se divertiu com a minha planificação! Mas tem que ser, corpo e cabeça precisam de descanso! No dia da Maratona acordei às 6h da manhã para o pequeno-almoço. Bem nutrida, lavadinha e equipada, encontrei-me às 8h com os restantes Run 4 Fun hospedados no hotel e dirigimo-nos para a partida, cerca de 10 minutos a pé.
O dia estava muito frio e solarengo, mesmo como eu gosto! Estávamos todos animados, sobretudo as quatro meninas que iam correr a Maratona pela primeira vez!
Às 9h, partida! Eu estava muito contente mas serena, com a cabeça muito focadinha no meu objectivo: correr a 6’/km, certinho! Até aos 30 km sabia que aguentava bem, contava a partir daí com a força do público e o entusiasmo da conquista! O César iria sempre ao meu lado, esse apoio estava garantido! Os primeiros 20 km foram feitos na companhia constante da Sandra Simões e da Paula Carvalho, os quatro afinados a 6’/km. Foi só "rolar", não demos sequer pela distância, íamos em amena cavaqueira!
A entrada no Estádio foi um alívio! Embora não parecesse, ainda consegui aumentar um bocadinho o ritmo naqueles últimos 400 metros! Cortei a meta de mão dada com o César, 4 horas e 16 minutos depois de termos começado a prova!
Fiquei muito feliz por ter terminado!! Procurei os meus pais na bancada e lá estavam eles em êxtase a gritar por mim!! Pouco depois chegou a Sandra Simões, depois a Paula Carvalho, a Maria Martins e a Rute Fernandes! Todas as estreantes concluíram a Maratona! Foi uma enorme alegria! A medalha é bonita e pesada, como se quer, depois de um esforço tão grande!
Conclusões? Sou uma sortuda! Tenho o melhor namorado do mundo; um companheiro fantástico que me apoia em tudo e que tem sido um pilar para mim nos últimos dois anos! Obrigada César, amo-te muito! Tenho os melhores pais do mundo; nunca me falham, estão ao meu lado em todos os momentos importantes da minha vida! Obrigada pai e mãe, não imagino o que seria tudo isto sem a vossa presença! Tenho os melhores amigos do mundo; correm comigo, comem e bebem comigo, choram e riem comigo! A cada um de vós, meus amigos, o meu enorme obrigada por fazerem parte da minha vida! A Maratona? Gostei e vou repetir de vez em quando! Assim, bem acompanhada e em clima de festa! Mas por agora não quero pensar em corridas, estou a curtir o “andar novo” e a liberdade de voltar a correr só pelo FUN!
Data: fevereiro 24, 2014
1. A DECISÃO
Quem me conhece sabe que correr a maratona nunca foi um objectivo para mim. Gosto de correr distâncias mais curtas; tudo o que exceda as 2 horas de treino/prova começa a aborrecer-me um bocadinho…. Para além disso, mais do que o tempo de duração da prova em si, a preparação de uma maratona exige muito empenho e disciplina de treino; são muitas horas investidas na preparação do grande dia. Eu corro sobretudo por prazer, pelo convívio, sem ambições competitivas. Gosto muito de correr sem relógio, ao ritmo que o meu corpo manda e durante o tempo que me apetece. E só costumo correr uma ou duas vezes por semana. Como tal, fazer a maratona foi algo que nunca ambicionei e nunca senti verdadeiramente esse “chamamento”. No entanto, como dizia um famoso anúncio, “não negue à partida uma ciência que desconhece”!...
Em Outubro passado reuniu-se um conjunto de condições que acabaram por me levar a tomar a decisão de correr a Maratona de Sevilha. Em primeiro lugar, o facto de corrermos em grupo faz com que nos aventuremos em desafios que sozinhos não tentaríamos. Em particular, o César sempre demonstrou um enorme entusiasmo em que eu corresse a Maratona e eu sabia que teria nele um grande apoio. Por outro lado, a minha vida profissional ia entrar numa fase complicada e nada como um objectivo desportivo ambicioso para ajudar na difícil etapa de transição. Finalmente, a Maratona de Sevilha sempre foi, na minha opinião a escolha indicada para a estreia nesta distância porque: 1) é a Maratona mais plana da Europa; 2) realiza-se em Fevereiro (logo, treina-se no inverno, sem calor!); 3) tem um público extremamente entusiasta! Para completar, o calendário era perfeito, tinha quatro meses para treinar, e já tínhamos quatro estreantes femininas alinhadas para esta prova! Era impossível resistir, tudo se conjugava, a minha estreia na Maratona seria em Sevilha, no dia 23 de Fevereiro de 2014!
2. A PREPARAÇÃO
Sou uma pessoa muito organizada e adoro planeamentos! Não conseguiria disciplinar-me para treinar sem a “obrigatoriedade” ditada por um plano de treinos, pelo que recorri ao “MyAsics” para o efeito! O processo passa por escolher o objectivo de tempo e o número de treinos semanais pretendidos. Foi fácil, pois sabia bem o que queria. O meu objectivo era acabar a Maratona “confortável”, o que para mim significava apontar para um ritmo constante de 6’/km durante a prova. Isto daria cerca de 4h15m de tempo “útil”, o que, incluindo pausas no abastecimento, um xixi se necessário e alguns bocadinhos a andar em caso de desespero, resultaria num tempo final de aproximadamente 4h30. Por outro lado, sabia que não conseguiria (não me apeteceria?) treinar mais do que duas vezes por semana, logo, o plano de treinos foi na versão “plano mínimo”! A partir daqui, era só seguir o plano que o MyAsics me desenhou! Sabia que se treinasse e me focasse, aquele objectivo estava perfeitamente ao meu alcance. O meu único receio era o aparecimento de uma lesão durante o período de treinos, algo sempre imprevisível mas relativamente provável, tendo em conta o meu histórico.
No início de Janeiro começaram os treinos longos, com mais de 20 km. Tentei sempre organizar treinos em grupo, para ser mais divertido. Mas na realidade andava a treinar contrariada. Não me sentia verdadeiramente empenhada e a cada treino que se aproximava a vontade era menor. Ia cumprindo o plano de treinos a contra-gosto, “picava o ponto” mas não estava nada motivada. A meio de Janeiro aconteceu o que eu temera de início: uma lesão. Desta vez, uma novidade para mim, uma fasceíte plantar! Tive que parar, deixar totalmente de correr. Fiquei em pânico! De repente, correr a Maratona era muito importante, eu tinha imensa vontade de treinar e aquele objectivo era essencial naquela fase da minha vida! O que eu mais queria era recuperar e poder ir a Sevilha, só isso importava! Com a calma possível, fiz o descanso e tratamento adequados e a fasceíte desapareceu por completo. Há males que vêm por bem e, apesar de ter estado quase duas semanas parada na fase mais importante da preparação, quando recomecei a correr tinha uma alma nova! Estava a três semanas da maratona, não podia recuperar o treino perdido mas, em compensação, tinha ganho muito em vontade e motivação! Ainda consegui fazer um treino de 30 km no início de Fevereiro, que me correu lindamente; a alegria no final era imensa por ter completado 3 horas de corrida sem dor e com boas perspectivas para a Maratona. Estava animadíssima!
Nas duas semanas que antecederam a Maratona, esqueci-me disto tudo! Por motivos vários, andei numa “correria” (aqui, em sentido figurado!) com outros assuntos pessoais e profissionais e, na realidade, lembrei-me muito pouco da Maratona. Comi desalmadamente, não descansei o suficiente e andei duas semanas numa grande agitação. Na antevéspera da prova, sexta-feira 21 de Fevereiro, eram 21 horas quando, cansada e com a cabeça em papas, fui fazer a mala pois íamos para Sevilha na manhã seguinte. Aqui, parei e tirei algum tempo para reflectir sobre tudo isto. Queria mesmo correr a Maratona? Estava focada? Fazer aquela prova ia deixar-me feliz? Nada me obrigava a prosseguir, era livre para desistir naquele momento, a decisão era só minha. Então lembrei-me do César e do quão contente ele estava por eu me ir estrear nesta prova. E lembrei-me dos meus pais, naquela altura já em Sevilha para me apoiar. Lembrei-me dos treinos que fizera, dos kms percorridos, das manhãs em que madruguei. Lembrei-me dos dias que passei com uma garrafa de gelo sob o pé gelado, a tratar a fasceíte. E agora ia desistir? Nem pensar! Alinhei a cabeça e foquei-me no objectivo: correr a Maratona e divertir-me em Sevilha! Estava tudo ao meu alcance. Fez-se luz! E a partir daquele momento (salvo algum enorme imprevisto) a maratona estava “no papo”! Faltava ir a Sevilha “dar o corpo ao manifesto”, mas o principal estava feito, corpo e cabeça preparados!
3. A MARATONA
No Sábado de manhã rumámos a Sevilha no autocarro Run 4 Fun. Os ânimos estavam em alta! Chegámos à Feira do Corredor pelas 15 horas e fomos levantar os nossos dorsais! Adorei ver o meu nome impresso num dorsal de maratonista! Aqui sim, foi uma grande excitação!
Éramos quatro estreantes Run 4 Fun na Feira, eu a Rute Fernandes, a Paula Carvalho e a Sandra Simões! Fizemos tudo a que tínhamos direito, incluindo a famosa Pasta Party! Após mais de uma hora de espera, comemos com gosto a massa com carne, queijo e um belo gaspacho!
Foi tempo de ir ao hotel deixar as malas, dar uma volta por Sevilha e apreciar umas tapas e cañas na companhia das colegas estreantes e da família. O plano estava traçado, jantar às 19h30, chegada ao hotel até às 22h e luz apagada antes das 23h! A Paula Carvalho bem se divertiu com a minha planificação! Mas tem que ser, corpo e cabeça precisam de descanso! No dia da Maratona acordei às 6h da manhã para o pequeno-almoço. Bem nutrida, lavadinha e equipada, encontrei-me às 8h com os restantes Run 4 Fun hospedados no hotel e dirigimo-nos para a partida, cerca de 10 minutos a pé.
O dia estava muito frio e solarengo, mesmo como eu gosto! Estávamos todos animados, sobretudo as quatro meninas que iam correr a Maratona pela primeira vez!
Às 9h, partida! Eu estava muito contente mas serena, com a cabeça muito focadinha no meu objectivo: correr a 6’/km, certinho! Até aos 30 km sabia que aguentava bem, contava a partir daí com a força do público e o entusiasmo da conquista! O César iria sempre ao meu lado, esse apoio estava garantido! Os primeiros 20 km foram feitos na companhia constante da Sandra Simões e da Paula Carvalho, os quatro afinados a 6’/km. Foi só "rolar", não demos sequer pela distância, íamos em amena cavaqueira!
Ao km 27 o Rui Ralha juntou-se ao grupo para ajudar e seguiu um pouco mais atrás com a Paula Carvalho até ao final da prova. A Sandra Simões rolou sempre pertinho, era a nossa sombra! Os meus pais estavam posicionados ao km 30, aos gritos e com uma enorme bandeira de Portugal!! Foi uma festa! Parei um bocadinho para beijinhos e um gel! Ia fresquinha, disseram eles! Sim, sentia-me bem! Tinham decorrido quase 3 horas de prova, o ritmo estava perfeito, tudo de acordo com o plano! Sem mais demoras, seguimos caminho!
Em menos de 2 km, tudo mudou! Dores intensas nos quadricípedes! E nos ossos dos pés (??!)! Ao km 32 sentia que as minhas pernas eram feitas de betão! Seria isto o “muro”? Seria um prenúncio de cãibras? O que me iria acontecer?? Ainda faltavam 10 km!! Era a primeira vez que corria uma distância tão grande, não sabia o que esperar do meu corpo, não sabia interpretar aqueles sinais…. Contava que nesta fase me sentisse com pouca força anímica, estava preparada para isso. Mas aquilo que senti foi uma surpresa para mim. Eu estava animada, o meu cardio estava excelente! Eu queria correr! Mas alguém tinha que me amputar as pernas pois as dores eram imensas! Aquilo não estava no meu plano!... Atrapalhada, tentei explicar ao César o terrível estado em que me encontrava e ele lá me tranquilizou como pode. Perguntou-me se eu queria andar um bocadinho. Lembro-me bem de a resposta ser clara para mim: não!, andar não; vou reduzir o ritmo (como se houvesse opção!) mas tentar correr sempre. Naquele momento eu tinha a certeza de que se parasse não daria nem mais um passo! As minhas pernas de betão tinham que ser mantidas em movimento lento até à meta, foi esse o plano a partir dali. Os últimos 10 km foram corridos com muito sofrimento. O apoio do público ajudou muito mas mesmo assim foi duro! Eu tinha estudado bem o percurso e sabia que o trajecto final era sinuoso. Não desesperei com as curvas e contra-curvas, tentei apenas suportar a dor e continuar a mexer as pernas de forma constante. A presença de alguns Run 4 Fun a apoiar nesta fase final foi excelente! É impressionante como conseguimos sempre sorrir para uma cara amiga!
A entrada no Estádio foi um alívio! Embora não parecesse, ainda consegui aumentar um bocadinho o ritmo naqueles últimos 400 metros! Cortei a meta de mão dada com o César, 4 horas e 16 minutos depois de termos começado a prova!
Fiquei muito feliz por ter terminado!! Procurei os meus pais na bancada e lá estavam eles em êxtase a gritar por mim!! Pouco depois chegou a Sandra Simões, depois a Paula Carvalho, a Maria Martins e a Rute Fernandes! Todas as estreantes concluíram a Maratona! Foi uma enorme alegria! A medalha é bonita e pesada, como se quer, depois de um esforço tão grande!
Conclusões? Sou uma sortuda! Tenho o melhor namorado do mundo; um companheiro fantástico que me apoia em tudo e que tem sido um pilar para mim nos últimos dois anos! Obrigada César, amo-te muito! Tenho os melhores pais do mundo; nunca me falham, estão ao meu lado em todos os momentos importantes da minha vida! Obrigada pai e mãe, não imagino o que seria tudo isto sem a vossa presença! Tenho os melhores amigos do mundo; correm comigo, comem e bebem comigo, choram e riem comigo! A cada um de vós, meus amigos, o meu enorme obrigada por fazerem parte da minha vida! A Maratona? Gostei e vou repetir de vez em quando! Assim, bem acompanhada e em clima de festa! Mas por agora não quero pensar em corridas, estou a curtir o “andar novo” e a liberdade de voltar a correr só pelo FUN!
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