Ultra-Maratona Melides-Tróia


Caros Atletas,

Depois de 9 Maratonas (42.195m), estava na altura de experimentar um novo desafio. Surgiu a oportunidade de realizar a minha primeira ultra-maratona (43.000m) e logo em areia, entre Melides e Tróia e com a particularidade de só ter um reabastecimento (1 litro de água) aos 28,5km.

A logística é um bocado complicada e resume-se no seguinte:

04:15h – despertar (depois de um jantar dos 50 anos de uma amigo na noite anterior);

05:15h – encontro na estação de serviço com o Carlos Melo;

06:20h – catamaran de Setúbal para Tróia;

06:55h – autocarro de Tróia para Melides;

07:45H – levantamento de dorsais;

09:05h – partida para a prova com a presença simbólica do nosso Carlos Lopes.

A temperatura estava boa mas o vento que soprava de norte era muito forte e acompanhou-nos durante toda a prova.

Depois do estouro de líquidos/alimentos que tinha tido na Maratona de Lisboa 2010, fui bem preparado com mochila camel-beg de 2l com Isostar reforçado com sal, 8 pastilhas de dextrose, 4 tubos de amendoim com sódio, 2 gel de frutas e Isostar em pó com sal para o único reabastecimento possível (no final da prova só sobraram 4 pastilhas de dextrose).

Quanto à prova, início em terreno muito mole e inclinado para nos por logo à prova. Passados uns kms, piso liso tipo auto-estrada pois a maré estava a descer até às 11h.
Completei os primeiros 20km em 2:30h e só parei de correr quando cheguei ao reabastecimento na Comporta (28,5km). Aqui, parei, tirei o camel-beg, enchi com as duas garrafas de água que nos davam, juntei o Isostar em pó e fiz-me à estrada (neste caso areia) para os últimos 15km.No entanto o piso já estava
muito degradado e é necessário fazer um enorme esforço pois vamos sempre inclinados e temos de estará sempre em compensação (isto não deve fazer nada
bem à coluna e ancas). A partir daqui e até ao fim tive de alternar entre correr e andar pois havia zonas em tinha a mesma velocidade se andasse com passada
larga ou fosse a correr. Tive também o objectivo de nunca molhar os pés.

A maioria da prova fi-la sozinho, mas longo da mesma, fui conversando com diferentes participantes que apenas tinham um objectivo: chegar ao fim.

Quando cheguei à bandeira dos 40km, pensei que os últimos 3 kms seriam fáceis. No entanto nunca mais acabavam e eu a ver o relógio a passar. Num último esforço consegui acelerar (?) e lá terminei a prova abaixo das 6h (05:59h mais precisamente). Agradeço o apoio final dos nossos companheiros Ralhas (Luísa e
João) que nos aguardavam junto à meta e a todos os que nos motivavam a chegar ao fim.

É realmente uma prova inesquecível e que aconselho os mais aventureiros a fazê-la.

Comentários

  1. Parabéns José Carlos e Miguel.
    E obrigado pelo relato.

    Esta deve ser uma prova duríssima pela descrição.

    Sempre em areia, num plano inclinado, e a mim parece-me mais uma prova de "sobrevivência" do que de atletismo.

    Que tipo de calçado sugeres?

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  2. Grande conquista e espirito de sacrificio que tiveram. Só a paixão pela corrida, leva a este plano para a prova.

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  3. A Luísa esteve de banco de Sábado para Domingo e chegou a casa por volta das 9:30. Lá fomos a caminho de Tróia , pela rota mais longa, por Alcácer, Comporta, até Tróia. Chegámos mais tarde à "brilhante" conclusão que deveríamos ter deixado o carro em Setúbal e apanhado o catamaran cujo cais em Tróia fica perto da chegada da Maratona. Estamos sempre a aprender.

    Por volta das 12:00 estávamos junto à chegada da Maratona. A nossa ideia era correr 7,5 km, esperar pelo Miguel, acompanhá-lo até ao fim e depois ir acompanhar o Zé Carlos. A única coisa que deu certa foi fazer os 7,5 km e esperar. Estivemos mais de 1 hora à espera e do Miguel, nada visto.

    O meu cálculo (errado) foi o seguinte: O Miguel que já fez menos de 3:40 na Maratona não poderia demorar mais que 5 a 5,5 horas. Mas eram 14:00 horas, cinco horas após a partida e nós a 7,5 km da chegada e nem vê-lo. A quase totalidade dos atletas que passavam por nós, ao km 36, vinham a andar, o que dá uma ideia das dificuldades que iam passando.

    Pensámos (mais uma vez, errado) que o Miguel tinha desistido e lá fomos de volta para a meta, contra o vento forte, em dificuldade a correr na areia e no plano inclinado E só foram 7,5km nos quis demorámos 53 min (média de 7 min/km). No regresso, a Luísa ainda fez um "reboque" ao Carlos Fonseca, do Banif, que demorou perto de 5:40.

    Perto da meta, ficámos com os nossos amigos do Banif que tinham levado farnel: leitão, vinho verde tinto, laranjas, água, tudo uma maravilha, gentileza do Arlindo Duarte, que demorou 4:15 a fazer a Maratona e parecia "fresco que nem uma alface".

    Agradecimentos também ao António Jorge e ao Afonso Tam pela receção amiga.

    E lá ficámos, a olhar para os atletas que iam chegando. Finalmente, perto das 6 horas, apareceu o Miguel num "sprint" final, para chegar antes das 6 horas. E vinha relativamente "descansado", depois de tão grande esforço.

    Mais de uma hora e um quarto depois, lá chegou o Zé Carlos, também em bom estilo com um ar muito descontraído e de felicidade pela proeza conseguida.

    Parabéns a este dois grandes atletas e amigos.

    Runabraços

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  4. Parabéns Miguel,
    Grande tempo na estreia na UMA, abaixo das 6 horas.

    Em 2012, com menos vento, será mais fácil.
    RunAbraços.

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  5. Parabéns Miguel, excelente tempo para a primeira vez e com vento tão forte!

    As tuas dicas são fundamentais para uma futura participação, quero falar contigo sobre muitos aspectos da prova, mas essencialmente sobre a alimentação/bebida. Levaste um arsenal, mas pelos visto é mesmo isso que é necessário, antes pecar por excesso do que por defeito.

    Runbraço

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