Trail de Conímbriga Terras de Sicó ou se calhar não!
“Eu quero ir para ó monti eu queroooo ir paaara ó monti,… que no monte é que estou bem…” tinha razão o Zeca Afonso.
Sai um relato só porque sim. ADORO! Os trilhos, o monte, as
gentes, e a Máquina infernal! ADORO!
Correr 57km, com falta de treino pouca motivação é que está
mal. Mas saiu um empeno dos bons. Com os gêmeos a ganir ainda hoje e de alma
cheia.
Depois da concretização do objetivo do Estrelaçor 180km, o
ano passado, o meu corpo juntamente com o meu cérebro adormeceram para as
corridas.
Treinar?!… tá quieto. Não apetece. Inscrever em provas!!?…
sem muita vontade. Inscrever é só mesmo nos trilhos porque tem que ser. A exceção
é a inscrição da Maratona de Badajoz. Já estou inscrito. Adiante… O último
trail que tinha feito foi em Novembro 2021. “35km Trail do Zêzere”. E em
estrada foi a São Silvestre Almada.
E já estavas a precisar de ir para o monte. Adoro os montes.
A liberdade de escolher o melhor sítio para colocar a próxima passada de
maneira a não me estatelar no meio de pedras ou raízes.
E Adoro as conversas com outros atletas. Alguns não conheço,
mas a malta gosta do beca beca.
Nem sempre as conversas avançam, mas na maior parte vezes um bom quebra-gelo “dureza…
bora lá” e está dado o mote.
Como aconteceu com um rapaz que estava a fazer os seus
primeiros 100km e dizia que aquela última subida antes do baloiço de Sicó ia
ser terrível.
Conheço bem a subida e na minha escala aquilo está ao nível
de uma subida pequena/média. Mas avaliei estado “fresco” do rapaz, disse-lhe
que era uma subidita. O jovem não acreditou em mim. Fomos a conversar a subida
toda e quando chegou lá acima disse-me “Tinhas razão… a subida pareceu bem mais
pequena que o ano passado e não custou nada”.
Outro rapaz, depois de me meter com ele, disse com um ar
cansado mas de certa forma feliz que as válvulas já tinham colado.
Perguntei-lhe se estava nos 111km. A resposta foi curiosa. “Nos 111 não!!. Nos
57. E mesmo assim quando me olho ao espelho já vejo um maluco. Já me chamam de
maluco…” Repetiu a mesma frase duas vezes.
E disto e muito mais que me faz Adorar os montes e as provas
de trilhos.
E não há diversão nos trilhos que não meta RUN 4 FUN. Este
ano Sicó estreou uma prova de 111 milhas. Estivemos a seguir por algum tempo o
João Menezes nessa prova.
A noite fomos assistir a partida da Carmen Ferreira, Gonçalo
Melo e Teodoro Trindade. 111km… toma lá bolachas para os mais crescidinhos.
E no ultra trail os pequenos, comeram papinhas Cerelac . Na
partida compareceram o menino Paulo Raposo, conhecido mundialmente como Sherpa;
a Sandra Simões, segundo o António Arede que entende do assunto, é
carinhosamente “a Máquina”, e eu próprio que fui patrocinado pelo wolverine.
Também tivemos a companhia do super Manso. José Manso. O
jovem que tem treinado várias vezes connosco. Haja algum Padrinho que lhe
imprima os estatutos e uma ficha de inscrição para ingressar o Clube.
A Luísa Henriques, “Loba”, lá está… não faltou a festa e apareceu
na partida dos 57km para dar motivação e apoio do campeão Gonçalo Pais. O
Joaquim Monteiro no apoio da Guida.
No meio de uma data de peripécias, cervejas, trilhos
novos... é verdade, Sicó surpreendeu com uns bons km de trilhos novos nos 57km.
Penso que nas outras distâncias também haviam trilhos novos.
Voilá!! Chegamos todos ao final. Exceção feita ao João
Menezes que tinha uma tarefa gigante.
E ao chegarmos a meta, lá estavam no apoio a Ana
Chocalheiro, o João Antunes e alguns amigos. Maravilhosa, calorosa receção,
aplausos e alegria para nós que estávamos a terminar. Obrigado malta!
Pois, como é que não hei-de Adorar e querer ir para os
montes!
Relatado assim, até parece uma seca. Pois… mas não foi. Foi mais
uma excelente aventura de Maluquete e Totozeque.
Esta parte das provas é do melhor. Se tudo o resto é bom, trilhar
com a Sandra Maluquete é adorável. A miúda é gira. Mas tudo começa muitos antes
do dia das provas. Costuma ser logo no momento pré-inscrição e depois nos
treinos. Mas isso fica para outro relato.
Durante a prova a miúda sofre de um distúrbio qualquer de
mudanças. As vezes vai em primeira, depois já está na sexta… não é nada disso
(sorrio).
Adoro o fato de eu saber primeiro que ela, que ela é capaz e
vai fazer uma boa prova. Adoro sentir as incertezas dela. Porque sei que não
vai haver motivo para isso.
Vou conhecendo a Maluquete dos trilhos e sei que se formos
juntos e a partir da barreira dos 25km vou começar a penar. Parece que demora
25km para aquecer. É coisa séria.
No início, a moça parece estar “perra”. Qualquer conjunto de
pedras seguidas faz-lhe abrandar o ritmo. Razão que me faz quase sempre avançar
no início para não lhe dar tréguas.
Quanto a mim, a falta de treino ditava que aos 30km tivesse
que avaliar as coisas. Obviamente tinha o felling que ia conseguir seguir. Mas não
sabia e não ando com muita vontade de sofrer acima da média.
Também Adoro ir à conversa com a Maluquete. Passamos muitas
horas juntos e continuamos a conversar de coisas banais e menos banais.
Qualquer assunto é um assunto.
Só não respondo nada quando ela vem com a conversa de que
está a passar um momento de quebra?!
A conversa também é curta quando eu pergunto quanto do flask
de carboidratos já consumiu e ela responde que só um. E as vezes… nenhum.
Aí só me apetece obriga-la a beber. E penso para mim “É
teimosa como os cornos! Deve acha que numa prova de 10 horas o corpo
alimenta-se do vento. Mas vou-me calar e não vou dizer nada”.
E de repente,… eis que vem um momento da Máquina. Passa-lhe
alguma cena na cabeça e começa a aumentar o ritmo e a dar avanço. “Que raio!!
Estou lixado. Não quero aumentar o ritmo agora.” Mantenho o meu passo,
aproveito para o xixi e deixo-a da mão. Está forte Adoro!
Desta vez em Sicó foram umas 4 vezes a arrancar disparada.
Numa dessas vezes chegou a deixar-me confuso. Pareceu que teria ido atrás de
uma outra atleta para não perder o lugar. Mas nunca tinha feito e seria
estranho. Mas não foi isso. A outra atleta é que tentou em esforço ir mais
rápida que nós. Só que não tinha o que era preciso para manter a posição a
nossa frente e teve que abrandar.
Quando acelera, e depois de trotar algum tempo sozinha,
surpreende-me uma curva qualquer. Lá está ela com os olhos esbugalhados a olhar
para mim como quem diz… “Atão pá!?! O que te aconteceu?!” A mesma expressão do
Pedro Ribeiro quando diz “Andaaa Rui”. Adoro!
Mas acho que não tem perceção que foi ela que aumentou o
ritmo e não fui eu que reduzi.
Estes momentos “Máquina” dão um orgulho extra na Piturrinha
e dão vida às provas. A ver vamos é se qualquer dia em vez de serem só momentos
eu não fico com meia volta de atraso.
Adorei correr outra vez à chuva. Primeiro ainda vesti o corta-vento
mas tirei logo a seguir. Fui até ao fim a sentir a chuva. Não estava frio. E desde
que estivéssemos a manter o trote a coisa estava perfeita.
Se gostar disto é bom ou é mau?! Não sei mas é giro e Adoro
trilhos, Adoro as subidas, Adoro R4F e a Adoro a Máquina infernal.
(faltam fotos)
https://youtu.be/MfC4KB8o6k0
Belo texto de alguém que se diverte nos trilhos e que escreve muito bem. Obrigado Rui Faria, pela partilha. Um grande abraço
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