Ultra-Trail da Serra de São Mamede - Portalegre

A organização tinha um menu composto de três provas:

O UTSM (Ultra-Trail da Serra de São Mamede): cerca de 100 Km com um desnível total com cerca de 6 000  m, com partida e chegada a Portalegre após passagem por Reguengo, Alegrete, alto de São Mamede, Apartadura, Porto da espada, Portagem, Marvão, Castelo de Vide, Carreiras, Ribeira de Nisa e Serra da Penha, em semiautonomia e 24 h de tempo limite.
O TLSM (Trail Longo da Serra de São Mamede): cerca de 42 Km com um desnível total com cerca de 2500 m, com partida de Marvão  e chegada a Portalegre, após passagem por Castelo de Vide, Carreiras, Ribeira de Nisa e Serra da Penha, em regime de semiautonomia e 10 h de tempo limite.
O TCSM (Trail Curto da Serra de São Mamede): cerca de 21 Km com um desnível total com cerca de 1300 m, com partida em Castelo de Vide e chegada a Portalegre, após passagem por Carreiras, Ribeira de Nisa e Serra da Penha em regime de autonomia e 6 h de tempo limite.

De notar que o percurso era comum às três provas, pois o percurso das menores estava incluído no das maiores, pelo que em determinada altura haveriam atletas das três provas a correr par a par.

O Luís Matos Ferreira foi ao UTSM e demorou pouco mais de 13 horas, eu a a Luísa fomos ao  TLSM e demorámos 6:50 horas.

Fomos para Portalegre na 6ª feira à tarde e ficámos no Convento da Provença um agradável local a 5 km da cidade, onde seria o penúltimo ponto de abastecimento de todas as corridas a  cerca de 10 km da meta. Ainda tivemos tempo para dar uma volta em Portalegre, seguida de jantar com o  José Conchinha, do clube do Stress e a mulher a Maria da Luz. Na nossa mesa, estiveram alguns elementos do "Mundo da Corrida"  entre os quais a Analice Silva que daí a poucas horas iria iniciar a UTSM depois de, uma semana antes, ter feito os 101 km da La Légion, em Ronda. Outros andamentos........

A partida para a nossa prova era às 9:00 horas em Marvão e a organização disponibilizou transporte, a partir de Portalegre, às 7:00 horas. Maluquice a nossa de termos que nos levantar às 5:45, num sábado. Fomos para Marvão, em três autocarros, um dos quais exclusivo para senhoras, uma originalidade neste tipo de provas. Lá chegados, antes das 8:00 horas, estava frio, pelo que nos abrigámos numa paragem perto da porta de entrada do castelo. Fomos seguidamente para o abastecimento dos "ultras" relativo aos 60 km, onde tivemos a oportunidade de ver chegar vários atletas, entre os quais o Renato Velez. Aí encontrámos a Manuela Cruz que vinha  acompanhar o Paulo Fernandes, o nosso atleta "honorário", que faz estas provas a um ritmo calmo. A Manuela disse-nos que o Luís Matos Ferreira tinha passado lá por volta das 8 horas.

Às 9:00 horas foi dada a partida a um grupo de algumas dezenas de atletas. Logo de início uma "voltinha" com algumas subidas e descidas junto às muralhas, para "aquecer" os atletas, pois o frio era intenso. Voltámos a entrar nas muralhas e seguiu-se uma descida pela estrada medieval em pedra que é um pouco "irregular", para ser simpático. Aí começamos a ser"passados" por atletas da "Ultra" como o Luís Sousa Pires, dos Porto Runners.

Num determinado ponto íamos 5 corredores juntos, eu e a Luísa e mais uma casal, todos dos 42 km e um atleta da "ultra" numa subida empinada pelo que íamos todos calados, "concentrados". No final da subida, o "Ultra" agradeceu-nos a companhia, pelo que desatámos todos a rir. Mas deu para entender que o facto de ir junto com algumas pessoas fazia para ele toda a diferença, depois de muitos km em solitário.

E lá fomos pelas serras, com uma subida acentuada perto dos 10 km e a chegada, perto dos 20km à Capela de Nossa Senhora da Penha, com uma vista fantástica sobre Castelo de Vide. Na descida "radical" da Capela para o abastecimento, sobre as rochas, existia uma corda para ajudar os atletas, dada a dificuldade do ponto.

E seguiram-se várias subidas e descidas, algumas mais difíceis, outras nem tanto, até chegarmos à Ermida da Penha, com vista para Portalegre, após uma descida bastante inclinada. Junto à Ermida estava o último ponto de abastecimento a 5 km da meta, o que era uma perspetiva agradável. Não tão agradável era o conjunto de muitos lanços de escada que tivemos que descer logo  a seguir e que se revelou um verdadeiro "tormento" para alguns companheiros da "Ultra", já bastante desgastados.

No final da escadaria eram caminhos acessíveis por estrada e por estradões em direção à meta, pontuados por alguns pontos mais radicais como passar por cima de  alguns gradeamentos ou por um muro junto a uma ribeira, onde era necessário fazer algum "equilibrismo". A 3 km do final apanhámos um forte aguaceiro, ao qual se seguiu o Sol de novo a brilhar. E assim chegámos ao Estádio dos Assentos, com uma agradável pista de "tartan" onde estava o ponto mais desejado destas "aventuras", a  linha de meta, que passámos juntos, depois de quase 7 horas, a  correr e a andar.

A seguir, o banho retemperador e um agradável almoço numa zona interior do estádio,
com sopa de tomate e migas com carne,  dois pratos tipicamente alentejanos, muito saborosos.

Em resumo, uma prova com excelente nível de organização, bem marcada, com fitas, com papéis reflectores (para os que chegassem de noite), com setas pintadas no chão e nas paredes, pelo que  não nos perdemos uma única vez. Com bons abastecimentos, muito diversificados e pessoas da organização a indicar o caminho  nos locais onde tínhamos que passar por cruzamentos em estradas.

E com uma originalidade muito ambiental. No "kit" fornecido pela organização estava incluída uma caneca em plástico que todos os atletas tinham que levar durante toda a prova, para ajudar a beber os líquidos (água, coca-cola e bebida isotónica) nos abastecimentos. E assim não existiam copos ou garrafas descartáveis. Uma bela ideia, a ser seguida por outras organizações do género.

No final, outra originalidade: uma "medalha" em cortiça, que nos dá a garantia de não enferrujar com o tempo.

Caneca para líquidos e medalha de cortiça
 Em resumo uma excelente prova, muito bem organizada, com passagem por paisagens e locais de enorme beleza, com dificuldades diversas, a qual sugiro coloquem na vossa agenda de "Trilhos" a fazer.

Runabraços

PS

O Luís Matos Ferreira terminou num impressionante 21º lugar da classificação geral e ficou em 3º lugar no seu escalão. A Luísa Ralha ficou em 3º lugar no escalão. Parabéns a ambos


Comentários

  1. Mais um relato como apenas Tu sabes escrever João.

    Não fui...mas é como se tivesse ido...sem me cansar :-).

    Foi seguramente mais uma fantástica aventura.
    Possivelmente uma prova que Eu e a Cris nos juntaremos em 2014...Crato é a terra da familia da Cris.
    Espero que ela não perca o juizo e não se aventure para além da distancia mais curta ... já começou a falar de Ronda e isso preocupa-me :-).

    Parabéns a todos os nossos companheiros laranja, especialmente à fantástica performance do Luis (impressionante) e ao brilhante desempenho da Luisa (mais um :-))

    RunaBraços

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  2. Mais um bom relato do que terá sido uma bela prova.

    Se estava com dúvidas, com esta descrição, fiquei convencido a ir a Portalegre no próximo ano.

    Parabéns a todos!

    Runabraços

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  3. O texto é excelente e vai levar muitos a visitarem São Mamede no próximo ano. Eu terei todo o gosto em fazer parte do grupo.

    Parabéns.

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