O MEU PRIMEIRO TRAIL

Passados quatro meses depois de efectuar a minha 1ª Maratona, chegou a altura de fazer a minha 1ª prova de Trail e, já que ia fazer porque não uma prova de longa distância 38Km?

Confesso que não sou propriamente um estreante em trilhos.

A primeira vez que corri com este fantástico grupo foi precisamente há um ano. E logo em trilhos. Um treino organizado pelo António Cruz, na Serra da Arrábida, o qual ainda guardo na minha memória, momentos de confraternização e de uma rara beleza, que só quem efectua este tipo de trilhos se apercebe.

Despertava o sol quando nos encontrámos nos Olivais pelas 7 horas, depois das boleias organizadas, partimos em direcção a Condeixa, onde chegámos pelas 9 horas.

Encontrámo-nos com o restante grupo, tinham ido de véspera. Fomos para a zona da partida para colocar os respectivos dorsais, ouvimos as últimas dicas e concelhos do casal João e Luisa Ralha. Não posso deixar de recordar, um dos pedidos do João Ralha, que dizia com um ar muito sério. “Não deixem de acompanhar a Ana Grosnik e a Claire Monroy, porque é a primeira vez que elas estão a fazer este tipo de provas, e estão num país estrangeiro, de maneira, temos que as apoiar”. O João Ralha devia estar a rir-se para com ele, e eu e o restante grupo dizia-mos que sim, o que era importante era salvaguardar o espírito do grupo. Só ao 8 Km é que percebi que o João Ralha só podia estar a brincar, elas correm que se farta, só as vimos na meta já com banho tomado e julgo que já tinham feito a digestão do almoço.

Fizemos os primeiros 10 km muito rápidos (pelo menos para mim) em menos de 1 hora, num sobe e desce, curva apertada à direita seguida logo outra à esquerda, numa certa altura vejo o César Moreira a sair disparado por uma ravina, porque não conseguiu fazer a curva e foi sempre em frente.

Os outros 10 km já demorámos 1,20 hora, foi quando chegámos ás eólicas. O Jorge Cancela juntou-se a nós.

Os seguintes 18 Km demorámos qualquer coisa como 3,20 horas, a um ritmo mais a andar do que a correr. Chegámos bem e felizes.

No meu entendimento, o que separa as provas de estrada e trilhos, é a questão dos “tempos” e os “ambientes”. Nas provas de estrada a competição é maior, e o factor “tempo” é deveras importante. As lesões são menos frequentes, do que nos trilhos.

Em trilhos tudo é diferente, para melhor claro está no meu entender. É efectivamente mais propicio a lesões correr em trilhos. No meu caso julgo que se conseguir impor uma velocidade moderada, onde o factor tempo não seja o mais importante, ou seja tanto faz demorar 3 ou 4 horas a efectuar a prova. O importante é tirar partido da prova em si ou seja usufruir do momento, poder ir a correr num ritmo lento mas certo, sentir o vento no rosto, poder abrir as nossas narinas e sentir o ar serrano entrar nos nossos pulmões, é uma sensação muito boa. Poder interagir com o terreno, passada a passada como se fossemos uno, e sentirmo-nos parte integrante daquele ambiente, como se a terra que pisamos fossemos nós e nós fossemos a terra.

Quando atravessamos as aldeias e sentimos o seu perfume, olhamos para o rosto daquelas gentes simples e com um doce sorriso nos lábios dá-nos um alento suplementar para percorrer aqueles caminhos.

Passamos pelos postos de abastecimento e vimos um aglomerado de pessoas sorridentes e de uma simpatia indescritível, com palavras de incentivo e encorajamento. Para prosseguirmos a nossa prova, estas pessoas estão lá, a troco de nada, só para nos apoiarem, por tudo isto meus amigos estou rendido efectivamente aos trilhos.

Não posso deixar de terminar a descrição da minha primeira prova em Trail sem deixar aqui expresso os meus agradecimentos.

Agradeço à Associação Desportiva o Mundo da Corrida. Assim como a todas as pessoas que estavam nos postos de controle, abastecimento, bombeiros e demais entidades e pessoas envolvidas na organização deste evento, por nos proporcionarem provas deste género.

Agradeço a todos os membros do grupo “RUN4FUN”, do qual tenho o prazer de pertencer, pelo apoio, incentivo e companheirismo, desde pessoas que se deslocaram ao local da prova só para nos apoiarem, passando por companheiros que prescindiram da sua prova para apoiarem outros que por alguma razão ficaram impedidos de continuar a prova. Outros que fizeram de rebocadores, fotógrafos, os que esperaram perto de 3 horas pelos últimos companheiros para de os apoiarem, para todos eles um grande bem-haja.

Até ao próximo Trail.

Comentários

  1. Jorge Paulo,

    Belo relato.

    Eu sabia que elas, a Ana e a Claire eram rápidas, mas pelo menos sempre as conseguiram acompanhar durante 8 km.

    O treino da Arrábida onde te juntaste a nós, foi uma maravilha. Umas das vezes em que mais me diverti. E, no fim, o António tinha preparadas algumas das especialidades de Azeitão para nós.

    Inesquecível.

    Runabraço

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  2. Para quem estiver interessado no relato do treino da Arrábida, ver em

    http://run4f.blogspot.com/2011/02/um-relato-de-um-novo-atleta-run-4-fun.html

    Runabraço

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  3. Fantástico Jorge, agora Penafirme e/ou Almourol esperam por nós.

    Temos de organizar mais treinos em trilhos. Talvez consigamos convencer o António a repetir a dose da Arrábida numa próxima oportunidade. Seria excelente.

    Parabéns pela bela prestação em Sicó.

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  4. Jorge,

    Fantástico relato. É esse o espírito do Trail!

    Espero encontrar-te em breve nos trilhos.

    Grande abraço

    Zé Carlos Santos

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  5. Parabéns Jorge Paulo,

    Pelo relato que está fantástico e grande parte do que transmites também senti na minha primeira experiencia.
    Tive foi o Baptismoa da queda :)....de qualquer forma faço questão este ano de voltar ao Almonda.

    E parabéns também pela primeira prestação, muito promissora.

    Eu a Ana não conheço, mas a Claire...corre que se farta, ir atrás delas 8Km não foi seguramente fácil :).

    Runabraços

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  6. O primeiro de muitos, certamente.

    Nos trilhos dá para viver com mais emoção, além da natueza, o convívio com os companheiros de corrida.

    Parabéns Jorge Paulo!
    RunAbraço.

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  7. Os trilhos são isso mesmo!
    A liberdade de correres à velocidade que queres ou que o terreno te deixa, o poderes usufruir da paisagem, dos cheiros, das palavras de incitamento e espanto dos aldeões e dos voluntários ao verem aqueles malucos a subirem e descerem as serranias. Depois, o alegre convívio do almoço ou do lanche-jantar como me aconteceu nos trilhos dos Abutres.
    Por último e talvez o mais importante que não temos nas corridas de estrada, o espírito de companheirismo, partilha e entreajuda dos corredores.
    Parabéns pelo teu 1º trail e que seja o 1º de muitos.

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