GTSA (Grande Trail Serra D'Arga) 2019

Em 2017 foi a minha primeira participação nesta prova. Nesse ano fomos 5 R4F ao desafio da ultra (53km).

No final eu e a Sandra conseguimos terminar a prova e, por razões diferentes, o Ruben Costa, o Gonçalo Melo e o Paulo Raposo não completaram a prova.
A Serra trauteou a "Que linda falua" "Passará, passará,
Algum ficará..."
Ficou então no ar o compromisso de um dia voltarmos para tentarmos acabar todos a prova.

2019 foi o ano escolhido para abraçar a Serra d'Arga mais uma vez.

Voltamos os cinco a Arga, mas não fomos só nós. Foi toda uma equipa de luxo.
E como tem sido um hábito há já alguns anos, temos conseguido reunir um grande consenso para participação em grupo em algumas provas por esse país a fora.

Este ano em Arga triplicamos a participação de 2017 com:


Nos 55km:
Ruben António Costa
Sandra Simões
Paulo Raposo
Rui Faria
Gonçalo Melo
Marina Marques
João P Sousa
Teodoro Trindade
Luís Matos Ferreira
Francisco Afonso
Nuno Dias de Almeida
João Menezes Silva

Nos 37km:
Rute Pais
Rui Marguilho
Carmen Ferreira

Nos 27km:
Francisco Afonso










Inscritos também estavam o João Ralha, a Luísinha e o António Rego mas não puderam participar. Tenho a certeza que teriam gostado.

Uma nota, para dizer, que desde 2017 o Clube tem crescido em número de atletas. E alguns desses novos companheiros/as no clube só ouviram falar de GTSA este ano e lá estavam a representar a bela da laranjinha.

Pessoalmente tenho sentido muito orgulho em cada um destes atletas que entraram no Clube R4F. Cada um à sua maneira veio engrandecer o nosso Clube em dinâmica, aventuras, amizade, organização, enfim de todas as formas. A nossa atual Direcção é um excelente exemplo disso.

Atão e o tal do GTSA ?!
2019 foi um AVENTURA FUNTástica.

O pessoal organizou-se com tempo, mas já não foi possível arranjar alojamento para todos no mesmo sítio. Então lá conseguimos arranjar alojamento para todos em duas casas diferentes.
Uma das casas ficava mesmo em frente a zona de partida da prova. Tem umas fotos da partida em que se vê a dita casa.
E podia-se pensar... Ena que fixe que sorte!!! mas Nan... Nessun Dorma.

Se em 2017 atirei-me à prova de cabeça, foi mais de pernas mas enfim, cheio de ganas e garra. Até fiz a minha barbixa à Wolvarine só para não haver dúvidas. Sabia que nada me ia parar.

Já este ano piei tive que piar mais fininho. A conversa era diferente. Isto porque nos últimos meses tenho sentido que os músculos estão lentos a recuperar dos treinos.
Percebi essa situação do meu corpo e tenho tentado arranjar uma solução para resolver essa cena. Ainda está em fase de estudo científico.

A meia maratona das Lampas serviu de bitola para perceber que conseguia fazer a prova mas tinha que abrandar o volume de treinos com duas semanas de antecedência. E essa estratégia apesar de ser arriscada funcionou.
E se funcionou é porque fiz alguma coisa bem.

E apesar de nunca encarar as provas com falinhas mansas e com receio de não as terminar achei que devia começar a prova de uma forma mais calma. Tenho testemunhas que ao fim de 1 minuto da partida eu era literalmente o último atleta da prova.
Ao fim da volta de apresentação habitual em Arga, já não era o último, mais ainda estava lá perto.
Na primeira subida, já estava a trotar... Não aprendo... e no fim da subida já tinha passado uns quantos atletas.

Em relação a esta prova, muitos a adoram, mas eu não sou o maior fã. Os abastecimentos são bons, a organização e o staff são excelentes, o percurso é bem equilibrado, dos melhores que tenho corrido em trilhos...
A razão de eu não gostar, acho que é um misto entre a Serra ser muito agreste e a distância de casa.

Agora digo... GTSA com intempérie é outra coisa. Chuva à séria... Momentos de granizada, vento bem forte, água por todo lado... Com um caneco Carlos Sá!!! Que prova brutal.


Não é a toa que digo brutal.

Brutal porque apesar da tanta, mas tanta, água que vinha do céu, as características do terreno essencialmente granítico permitem correr sem escorregar. Até parecia que os meus LaSportiva Akasha tinham garras.
Depois de um primeiro teste que fiz nas primeiras passadas depois da subida, o que eu me diverti a descer por aquelas pedras todas enquanto ainda estava cheio de força nas pernas.

Fiquei surpreendido que nem mesmo as pedras/rochas junto ao rio eram escorregadias.
Durante a prova toda, só vi um rapaz escorregar nas rochas e cair. Eu mandei um tralho porque literalmente meti o pé na poça. Tranquilo, nada de grave.

É brutal também porque apesar da pouca visibilidade os trilhos veem-se bem e permite correr sem medos. Diga-se que as fitas também estavam a marcar a prova de uma forma exemplar.
Só era preciso ter um pouco mais de cuidado quando os trilhos estava com muita água. Colocar o pé mal em cima de uma pedra que não se visse podia dar um entorse.

E depois, porque em 2017 não me lembro de ver o pessoal a sorrir tanto e tão bem disposto como este ano. Vejam as fotos da prova e confirmem esses sorrisos de alegria.
São loucos.

Bom... Eu acabei quase por esquecer que se fosse muito rápido podia não conseguir acabar a prova. O "risco" era esse. Se não fosse contido podia ter que abandonar por cansaço.
No penúltimo abastecimento em conversa com o nosso capitão de prova R4F Francisco Afonso (que maravilha o teu apoio ma man) dei conta que devia abrandar um pouco o ritmo. Já estava a sentir os joelhos a ficarem cansados demais.

Durante o resto da prova, acabava por abrandar quando me lembrava disso. E quando não me lembrava também era porque já não dava mais mesmo.

Giro um pensamento que tive a partir daí. "Oh rapaz! As tuas pernas já fizeram 40km e estão aqui a prontas para fazer o resto. O que queres mais se até achavas que podiam não conseguir?!" Este pensamento no meio de uma tempestade de chuva é reconfortante como um cobertor quentinho.

E os "quilhômetros" passavam e eu pensava como é que as meninas se estariam a sair. As duas Marinas falaram que iam fazer a prova juntas. São atletas muito diferentes em termos ritmos e experiências, mas contei que a inteligência iria superar essas diferenças.

À minha frente tinham arrancado as máquinas a ripar a todo o vapor: Nuno Dias de Almeida o João Sousa e o Matos Ferreira. Grande provas que estes manos fizeram. Tão rápidos que nem encontro fotos vossas.

Sabia que o Teodoro e o Gonçalo Melo viriam no ritmo deles. Quando passei por eles vinham os dois na palheta.
Para quem nunca rolou em prova junto com estes dois senhores, posso dizer que uma das características comum aos dois é que a certa altura se percebe que querem passar para o modo de voo e ir sossogadinhos na onda deles. Conversam se for preciso, mas só o quanto baste.

O João Menezes é uma fera dos trilhos. E nunca pensei que alguém iria tirar a camera para filmar naquele temporal (vejam o filme que ele fez https://www.youtube.com/watch?v=JK4LJLGnJjE&feature=youtu.be&fbclid=IwAR2nrS-b8bmeE6Iy5wNjp1patcXKsQteXALGTJqN1aD7HGqZwsPxNyjv9U8). Mas este homem gosta disto e diverte-se bem. Passei por ele numa subida e lá ia ele todo feliz.

Já com o nosso Ruben Costa, não conseguia prever como lhe podia estar a correr a prova. Está focado na prova de Doñana e apesar das descidas de Arga serem técnicas é possível correr. MAS... Com chuva não sabia se ele iria conseguir descer bem.


Ruben, pelos vistos temos que lá voltar até triunfares na prova. Porque a tua companhia no convívio é indispensável... és o maior! Eu estou in para lá voltar, basta que digas quando.

Mas há mais... na prova dos 37km, que partiu 1 hora depois da dos 55km tivemos a participação da Carmen Ferreira, da Rute Pais e do Rui Marguilho que não sabíamos que iria participar na prova.




No 13km as provas cruzaram-se e ainda tentei ver se reconhecia alguém. Mas nem sinal deles. E mesmo que nos tivéssemos cruzado, e com aquela chuva e impermeáveis vestidos e a cabeça baixa era difícil nos reconhecermos.

E prova é prova e surubas à parte. A malta que ficou alojada na casa do Carlos parece que se divertiram à grande e até foram a banhos na piscina.

O pessoal da casa da Quintinha d'Arga não ficou tão bem alojada. Mas foi bom, apesar dos mosquitos que teimaram em fazer alguns dos mais sensíveis ficarem acordados.
Já eu ferrei e só acordei de a hora do despertador.

Tivemos ainda a companhia da Guida a nossa madrinha e mulher do Teodoro que brindou com a sua boa disposição, sorriso, e uma carne assada bem temperada com limão. As jolas e uns mimos para sobremesa também não faltaram. 
No sábado a Guida teve que nos abandonar candidamente apanhar o comboio em Caminha. Mas só depois de nos tirar umas fotos à chuva na partida. Respect!

E o jantar pós prova no sábado?!!

Fui de andar novo. Isto da roupa molhada a roçar nas partes baixas é tramado.

Bela cavaqueira acompanhada de um bom repasto.
... é meia noite e o Francisco com prova no domingo!
Carrega no tintol que a conta é para dividir por todos.


Ao estar a terminar este texto já fico com vontade de ir ali fazer um trilhozinho.

Sento-me, relaxo, e penso muito calmamente: "Fiz a prova que consegui e o mais importante foi que o fim-de-semana foi uma aventura fantástica na companhia desta malta. É de valor e que sorte a minha."

Comentários

  1. É como dizes Rui, também eu tenho pena que Arga fique tão longe de casa. Se assim não fosse tenho quase a certeza que estariamos por lá em dias de temporal. Mas não pode ser, ficamos por Sintra que também é muito bom.

    Obrigado pelo relato e pela sempre agradavel companhia.

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  2. Excelente descrição Rui. Eu faço questão de correr com a t-shirt laranja exatamente porque me fazem sentir parte da equipa. Não sabia que iria encontrar tantos. Obrigado.

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  3. Arga é...já lá fui 4 vezes. Nunca me desiludiu. E pensei que estava vista. Mas se o Ruben quiser, vamos à quinta vez, independentemente da distância de casa. O teu relato, caro Rui Faria, retrata o mais relevante: a amizade vivida antes, durante e depois do trilho.
    E que trilho! Concordo que o temporal foi o sal e a pimenta de um prato cheio, bruto. Foi maravilhoso. E cheguei a comentar isso à Marina: numa subida, com granizo na cara, o vento a empurrar-nos para trás e não conseguia tirar o habitual sorriso da cara. Aquele que se fixa quando o desafio mais aperta. Foi bom! Muito bom! Assisti às apreensões quanto à tua prestação mas o Wolverine continua bem vivo dentro de ti. Garra, muita garra. Olhos fixos no objectivo. E vontade de lutar. És o maior, Manel.
    E obrigada pela gestão das casas: incansável é pragmático. Arga é...mas tu és...!!!! ❤️

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  4. Amigo Rui, és GRANDE: grande atleta, grande amigo, grande prosador, poeta e cineasta amador, grande organizador, e muitos outros grandes, que não vou elencar aqui porque não tenho espaço suficiente. Também já passei pelo cansaço físico que estás a sentir. Com paciência isso passa. Dentro em breve já te irás sentir o Rui de sempre. Gostei muito de te ver no segundo abastecimento. Incutes-me sempre um grande ânimo. Estás de parabéns por este regresso a Arga e por seres quem és. Forte abraço

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  5. Rui, belo relato de uma prova que pelo mau tempo, deve ter sido épica, mas que pelos vistos agradou aos "loucos" participantes. Parabéns a todos os R4F participantes e grande abraço.

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  6. Tu ès o Maior!!! Rui Faria.

    Tudo como tu dizes, muito Fun uma Serra misteriosa e um Grupo de elevadíssimo nível humano.

    Já prometi a mim que voltarei antes da próxima edição, nem que vá de mota sozinho, apenas para me perder naquele cenário...
    Excelente relato, sentido e escrito como só tu sabes.
    O Blog é um registo importante, temos de alimentá-lo.

    Obrigado Rui, admiração pela tua pessoa é o que fica, para o ano vens comigo!

    Forte Abraço

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