Talvez não a minha última maratona
Foto Corredor de Montanha (UltraMaratonista) |
Não era uma ambição minha fazer uma maratona. Eu não gosto nada de sofrer :-) Estive no quilómetro 40 da Maratona de Lisboa este ano e vi mesmo muito sofrimento. No ano passado estive na meta da Maratona de Lisboa, e foi inspirador ver os maratonistas cortaram a meta com tanta alegria. Mas mesmo assim não me entusiasmei sobre a ideia de a fazer um dia – e costumava citar a entrevista com Carlos Sá que nunca fez a maratona da estrada.
E foi num trilho na Arrábida feito um pouco demasiado calmo porque aparentemente estive a falar sobre “talvez fazer uma vez a maratona”, e assim fui desafiada pelos fãs de maratonas – acabei a prometer pensar a sério nisso. Mas não tive tempo para pensar, porque no dia seguinte em Almeirim apareceu um dorsal disponível para a maratona do Porto. Gosto muito do Porto. E toda a gente diz que a maratona do Porto é muito bonita e muito bem organizada.
Na última semana antes de uma maratona só resta a relaxar, dormir e comer bem – e fiz isso à risca. Comprei calções com bolsos grandes e quatro géis, e porque a costureira da minha rua não podia pôr fechos nos bolsos até ao Sábado, fui eu que os fiz à mão – não queria perder os géis durante a corrida. Na 6ª feira considerei pedir emprestado um relógio desportivo, mas já não havia tempo para estudar um aparelho, e apesar disso não sabia exatamente qual ritmo deveria seguir. Pronto, vou seguir o meu ritmo interno. Sabia que tenho de encontrar um ritmo suportável para muitas horas e muitos quilómetros.
Grande romaria dos R4F ao Porto, depois do jantar dormi bem e tive bastante apetite no pequeno-almoço. Mas depois de vestir-me para a corrida estava apreensiva dos quilómetros e quilómetros de alcatrão. Na partida vi muitas caras queridas e inspiradoras, e cada momento fiquei mais e mais emocionada.
Foi um alívio começar a correr. Cada quilómetro feito é um quilómetro menos para fazer. O tempo foi ideal, o percurso bonito e dinâmico. Gosto de ver os outros corredores correndo no sentido contrário, muitos amigos e conhecidos. A primeira metade corri com o Miguel Duarte, e apanhámos o Luís Boleto durante algum tempo, e assim a primeira metade passou rapidamente, senti-me bem. Como até ao 20 km só houve água nos abastecimentos, levei uma garrafa de Coca-Cola, para suportar-me com açúcar e cafeina, e esta garrafinha chegou além do 25 km. Não me apeteciam nada os meus géis.
Segunda metade corri sozinha, os quilómetros tornaram-se mais compridos, comecei a procurar com atenção as placas de distância e fiquei feliz por atingir cada uma. Pela primeira vez parei no abastecimento do 35 km, e demorei bastante tempo porque não conseguia abrir a embalagem da marmelada, e o voluntario com luvas plásticas tão-pouco, mas chamou alguém do lado para abri-lo para mim e valeu a pena esperar para este cubo de marmelada porque soube bem e também a paragem soube bem. Os últimos quilómetros tornaram-se curtos, parei outra vez no 40km para beber isotónico, vi a claque de apoio de R4F e tinha a companhia para o início da subida final, e os últimos 2195 metros pareciam mais fáceis.
Meta. Terminei. Não foi fácil, mas não sofri. A experiência foi muito mais positiva do que estava à espera. Foi mesmo um bom treino para os trilhos :-) Geri relativamente bem o ritmo e o esforço. Se não tivesse terminado esta vez dentro de 4 horas, provavelmente queria tentar outra maratona. Mesmo assim talvez volte a fazer outra maratona. Ou talvez não. Mas se saúde e o futuro permitir, provavelmente sim. Não por causa de melhorar o tempo. Um pouco menos do que 4 horas já é bom para mim, para baixar isso precisava sorte com saúde e com o tempo no dia da maratona e a boa disposição geral, e alguns treinos específicos seguramente ajudavam e planear como alimentar-me durante a corrida também. Os calções com bolsos enormes com fechos e os 4 géis já tenho :-))
Fiz a maratona do Porto por várias coincidências, e por isso para mim a partida foi mais emocionante do que a chegada. Mas terminar uma maratona é gratificante, apesar de agora já não ter nada em comum com Carlos Sá. Como já conheço o mito sobre o ácido láctico, não fiquei com dores de músculos depois da maratona. Só fico mais rica por uma nova experiência, e agradecida às muitas pessoas que facilitaram e me incentivaram fazer a minha primeira maratona – talvez não a última.
Ana, és uma atleta excepcional!
ResponderEliminarA tua humildade é imensa, só tu estavas nervosa com a prova, todos nós sabíamos que para ti seria "piece of cake"!
Parabéns e inscreve-te para Sevilha!! :)
Fico muito contente que a experiência tenha sido positiva e que queiras repetir!
ResponderEliminarUm grande beijinho e boa recuperação
Olá Ana,
ResponderEliminarobrigado pelo teu texto.
És uma atleta brilhante e a maratona para ti estava apenas à distância da tua vontade em a fazeres.
Aposto que, de vez em quando, vais querer repetir a experiência.
AC
Madrinha, vais repetir com certeza :). Muitos parabéns pela óptima estreia!
ResponderEliminarMuitos parabéns. Depois de terminares a 2ªmaratona, vais-te tornar MARATONISTA.
ResponderEliminarAna, grande atleta. Parabéns.
ResponderEliminarExcelente avaliação, preparação e mesmo sem apoio do gps excelente controlo da situação dentro do palco.
Pormenores deliciosos que partilhaste. A mostrar e reforçar mais a tua atitude.
Obrigado.
E será "talvez". Espero que te divirtas em outras maratonas.
Muitos parabéns Maratonista,
ResponderEliminarSe vais repetir?
Claro que sim!
Não queremos que os 4 géis se estraguem, tens de lhe dar uso :)
Parabéns Ana,
ResponderEliminarEstá visto que a Maratona era desafio bem ao teu alcance. Para quem já fez a Ultra da Freita!!.)
Belo relato, com o pormenor delicioso dos fechos....
E venham as próximas. Sevilha pode ser uma boa experiência para conheceres a "afiicion" espanhola. É fantástica.
Runabraços
Parabéns Ana.
ResponderEliminarVais certamente repetir. A maratona é sem dúvida a grande rainha das provas de estrada. Que tal Sevilha?
Ana és um exemplo! Qualquer maratona está ao teu alcance! :)
ResponderEliminarParabens mana!
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