(Ultra) Trail Noturno da Lagoa de Óbidos 2013

O Run 4 Fun esteve em Óbidos, no TNLO - Trail Noturno da Lagoa de Óbidos (Ultra Trail, Trail e Caminhada) no sábado, 3 de Agosto. Os altetas levantavam os dorsais no exterior da Muralha e deslocavam-se para o recinto “Jogo da Bola” no interior da Muralha, onde iriam decorrer os briefings com as ultimas indicações antes da prova. Este Trail estava esgotado há muito tempo, tendo sido aumentada a quantidade de inscrições, devido á sua procura.

A partida do Ultra Trail, seria dada na entrada da muralha de Óbidos, na Porta da Vila, ainda com alguma luz natural, mas algum tempo depois cairia a noite. Esta prova é noturna, devendo por isso ser feita com luz frontal ou uma lanterna de mão, com pilhas novas e com pilhas sobresselentes, devido ao longo período de prova durante a noite. A temperatura estava amena e um vento moderado norte ajudava a refrescar. A prova tem abastecimentos regulares, cerca de 10 em 10 km. Parece-me no entanto conveniente levar camelbak ou garrafas de água. Com bons abastecimentos sólidos e com boa diversidade. Quanto às marcações do percurso, é mais fácil para uma organização marcar uma prova diurna do que uma noturna. As marcações desta prova foram feitas com pontos refletores azuis ou brancos, que por vezes, não eram bem visíveis por um motivo ou outro, ou não estavam no ângulo adequado para quem o procurava. Além disso, como no início da prova ainda havia alguma luz natural, assim como no fim da prova já havia claridade para quem demorou mais no percurso, nessas alturas os pontos refletores não eram visíveis. Tanto por estas situações, como pelas habituais distrações, provocaram frequentemente ter de voltar atrás à procura da última marca.

No Ultra Trail de 50 kms, após um início rolante que incluiu uma longa subida, haviam aos kms 6 e 8, descidas técnicas acentuadas, adequadas para quem tem boa preparação, mas difícil para quem não a tem. Com mais algumas subidas e descidas até cerca do km 13, depois o percurso tornou-se mais fácil até ao abastecimento do km 21. Nesta fase eu ia na companhia do Ruben. A seguir percorremos um piso rasteiro, pelas arribas de costa, junto ao mar, percurso com zonas de trilho indefinido onde andei várias vezes á procura das marcações, num piso que é um pouco traiçoeiro. Entretanto fui alcançado por 4 R4F (Gonçalo, Miguel, Teodoro, Veiga). Seja por esta parte ser propícia a quedas, por distração minha, ou por ambos, eu tropecei e caí. A partir daqui fui mais lentamente. Tivemos nesta parte das arribas, várias descidas técnicas pelos rochedos, desde o topo da arriba até à praia, que me pareceram difíceis. Entre as descidas e as subidas das arribas, percorríamos pequenos troços de praia com areia solta. Fez-me recordar a UMA que tinha feito no Domingo anterior, todo em areia, que foi para mim, bem mais fácil do que este UTNLO.

Quando chegámos junto da Lagoa de Óbidos (km 29), tivemos uma descida acentuada toda em areia muito solta, com escorregadelas que ajudavam a descer. Disseram-me que no ano anterior tinha sido em sentido inverso, onde a subida seria bem mais difícil. No abastecimento do km 30, reencontrei os 4 R4F e percorremos juntos a margem da lagoa, num percurso plano, permitindo rolar com facilidade. Logo á saída do abastecimento do km 39, mais uma descida técnica, que eu já tinha feito numa edição anterior, mas em sentido inverso. Ao km 41, atravessamos um braço da lagoa por um pântano com uma rasteira água lamacenta, onde existia alguma possibilidade de escorregar ou de ficar com as pernas enterradas na lama. Os últimos 10 kms foram em declives bem mais leves que no início da prova, mas eu já ia cansado e apenas tentava não deixar o João Veiga afastar-se de mim.

Já a cerca de 2 kms do fim, esperava-nos percorrer um túnel em que tínhamos de baixar a cabeça, julguei ser um coletor de estação de tratamento de águas residuais, disseram-me que viram teias de aranhas grandes (não me apercebi), trajeto que deu que falar. Não achei que este túnel fosse uma boa escolha. Alguns treinos "militares" incluem troços deste tipo, mas não me parece ser o espírito do trail. Embora este espírito também não seja lá muito consensual.

Pouco tempo depois iniciamos a subida para as muralhas de Óbidos. Este ano subimos pelas escadas das traseiras, enquanto no ano passado disseram-me ter sido uma subida mais difícil. E por fim entrámos na Muralha pela porta poente, onde estava instalada a Meta.

Excelente resultado do Manuel Romano que foi o 1º R4F a terminar este UltraTrail em 7:18, apesar de uma 2ª parte da prova muito atribulada, que incluiu ter ficado sem pilhas no frontal por períodos longos, ainda que tenha levado pilhas sobressalentes.
O Miguel San-Payo, o Gonçalo Melo e o Teodoro Trindade terminaram entre as 8:12 e as 8:14. Tanto o Miguel como o Gonçalo ainda tinham a musculatura “massada” pelos 43 kms da UMA no Domingo anterior. O João Veiga acabou um pouco à minha frente com 8:25. A seguir terminaram juntos o Jorge Esteves e o José Magalhães, com 9:24. O Ruben Costa terminou aos 9:51, com um final muito atribulado, por ter feito uma boa parte do percurso final já com luz solar, o que, como referi antes, não permitia identificar os refletores de marcação do percurso.
O João Veiga cumpriu o desejo de se tornar Ultra Maratonista antes de fazer 25 anos. O Manuel Romano, José Magalhães e Ruben Costa também se estrearam em Ultra Maratonas.

Quem efetuou a prova de Trail (25 kms), percorreu os mesmos 8 kms iniciais que o UT, pelo que apanharam também as mesmas duas descidas técnicas difíceis do início do percurso. A partir do km 14, fizeram também o mesmo percurso que o UT. O Trail foi concluído pelo Emanuel Silva em 3:02, que teve uma estreia em trails muito boa. O Pedro Mendes em 3:08 e o Alfredo Falcão em 3:23 com um bom desempenho dadas as caraterísticas da prova. Concluíram também este duro trail a Filipa Brás, o Rui Faria, a Rita Felizol, o Pedro Pires e a Rute Fernandes, após uma queda que a levou a ser assistida pelos bombeiros.
A Manuela Cruz também participou acompanhada pelo Paulo Fernandes. Soube que teve um acidente e que não terminou a prova, mas não tive mais informação sobre o sucedido. As melhoras Manuela!

Participaram ainda vários companheiros R4F na caminhada em Óbidos, pelo que soube tiveram também uns episódios de andarem perdidos, apesar de levarem guia.

A terminar, a minha opinião pessoal. Sabem que eu tenho pavor às descidas técnicas, pelo que achei difícil algumas partes do percurso. Tirando isto e o túnel surpresa, gostei globalmente da prova, do percurso escolhido e da diversidade de pisos. Tenho algumas objeções ao facto do Trail ser noturno. Percebo a escolha, e também eu gosto de trails noturnos, menos habituais. Sendo em Agosto, esta é a melhor altura do dia. Mas parece-me que a paisagem desta região, merecia um trail diurno.

Umas Boas férias a quem vai. Bons treinos a quem fica e quem vai. :)
RunBeijos&Abraços

Comentários

  1. Obrigado Zé Carlos:

    Nunca me tinha perdido tantas vezes numa só prova. E foi assim porque estive sempre acompanhado, pois caso contrário duvido que conseguisse terminar.
    Este ano a prova não me agradou, teve excesso de areia e lama, e defeito de sinalização. Fiz também uma má escolha de pneus o que me deu algumas preocupações durante todo o percurso.

    Parabéns a todos os bravos participantes em especial aos estreantes. Rapidas melhoras Manuela e Rute.

    Boas férias.

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  2. Terminar uma prova com O José Carlos Melo não é para todos...eu como prenda da primeira Ultra dei-me a esse luxo...além de grandes atletas estes 4 laranjas são uma excelente companhia com ensinamentos que não se podem ter em mais lado nenhum...não podia ter ido melhor acompanhado

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Excelente relato. Eu também me assustei na zona das arribas. Se calhar durante o dia é menos perigoso, mas mete medo.
    A minha opinião em relação aos trails também não difere da tua. Acho que aquela parte final (últimos 5 kms) era de dispensar e o túnel só mesmo quem é o foi tropa (estilo comando) é que gosta.

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  5. Carlos Melo, parabéns pelo óptimo relato, descrevendo bem a prova e as dificuldades que houve. Eu também me perdi, mas nunca por mais de 100 metros. Eu achei que a prova estava bem marcada, mas tinha que se ir sempre com atenção. Fiquei com vontade de voltar, mas sem valas, que me parece não acrescentaram nada para além de sujidade. Fazendo umas contas simples fazer os 50 kms demora mais 5 horas que fazer os 25... acho que no próximo ano vou aos 25 outra vez. Runabraços

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  6. Grande Zé Carlos Melo,

    Obrigado pelo teu detalhado e muito racional relato.

    Parabéns a todos os que fizeram as três provas e uma saudação especial aos que se tornaram ultra-maratonistas.

    O vosso exemplo vai inspirar outros atletas.

    Finalmente um abraço aos três "locos" que fizeram a UMA no domingo e a UTNLO no sábado seguinte. Até parece fácil......

    Runabraços


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