Ultra Trail Serra da Freita 65k

ULTRA TRAIL SERRA DA FREITA 65K – 26 junho 2021

Há muito tempo que não ia tão desinformada para uma prova. Só sabia que eram 65k e que o tempo limite para os 21k iniciais era de 6h. Em julho de 2020 fizera um Trail Camp 4 Fun Montanhas Mágicas, pelo que achava que sabia ao que ia. Inscrita na prova, distando apenas 3 semanas do TPG, pretendia fazer uma bela caminhada em grupeta, com banhos incluídos nas cascatas, tirar fotos e desfrutar do percurso com amigos.

Tudo mudou com a lesão da Sandra Simões numa queda sem história. Faltava-me a Homónima para a brincadeira e deixei que a prova decidisse por mim a estratégia a seguir.

Parti sozinha às 6h20, depois de todos já estarem em prova, mas rapidamente encontrei o Luís Afonso sentado numa rocha a descansar e avançámos juntos, contudo ele ficou para trás a acusar um ritmo cardíaco demasiado acelerado na subida. Mais à frente encontro o Rui Faria e o Teodoro Trindade e disse-lhes que passara o Lafões e presumia que ele demorasse, pelo que decidimos não esperar por ele no 1º abastecimento, mas sim no 2º, onde seria o tempo de corte. Estes 21k iniciais foram feitos a bom ritmo, apenas entrecortado pelas filas que se criavam em certas partes do percurso, o que nos obrigava a rolar em carreirinha e demorámos 5h a realizá-lo.

O Rui e o TT decidiram esperar pelo fim do tempo de corte para ver se o Luís Afonso conseguia passar, eu comecei a arrefecer e a ficar com frio, pelo que decidimos que eu seguiria e eles apanhavam-me mais à frente. Eu vira passar a Anabela Jorge inserida num grupo e decidi ir atrás dela.

A partir daqui partilhei vários kms com o grupo da Anabela Jorge, até o Rui Faria e o TT nos apanharem e depois segui novamente com eles, até ao fim. Nos kms finais, instalou-se um nevoeiro e uma morrinha que dificultavam a visão e só já desejava terminar a prova e tomar um banho quentinho. Nessa altura pensei na Carmen Ferreira e no Pedro Ribeiro e tive compaixão deles e do que estariam a passar, ao mesmo tempo que soubemos que o Paulo Raposo e o Gonçalo Fontes de Melo já tinham terminado.

  

A Serra da Freita surpreendeu-me muito positivamente. Adorei a prova, os trilhos, a dificuldade do traçado, as Goelas do Mundo são magníficas, chamaram-lhes a Zegama portuguesa, a Besta estava com bastante água, verde e fresca, as Escadas do Martírio com os seus 800 degraus irregulares levam-nos ao melhor abastecimento, o da Lomba, onde há cerveja, sopa e bifanas, finalizando com a subida Bradar ao Céu.

O Rui Faria está fortíssimo nas subidas, eu tentava acompanhá-lo, respeitando sempre o meu ritmo, o TT morria nas subidas e ganhava alma nas descidas ou a direito, pelo que me deu tempo para desfrutar da prova como pretendia e ficar no beca beca.

Senti-me sempre muito bem em prova e decidi que no próximo ano quero ir aos 100k sentir a malvadez do Moutinho, conhecer a verdadeira Freita e finalizar uma das provas mais difíceis do trail nacional. 






Comentários

  1. Marina, parabéns pelo belo relato e por mais uma conquista que, pelo que lemos no teu relato, terá sido relativamente fácil, após a experiência TPG. A verdade é que estás uma excelente atleta, preparada para os desafios mais difíceis como os 100 km do Moutinho que, pelo que li dos relatos do Pedro e da Carmen, de fácil terão muito pouco. Desejo-te sorte e continuação do teu fantástico percurso como ultra atleta, Runabraços

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  2. Sabe tão bem encarar as provas dessa forma. Saber só o que é essencial e o resto será surpresa.
    Valeu a pena ter participado, foi durinho mas valeu bem a pena. Pelo excelente tempo, pela magnífica paisagem e pela vossa agradavel companhia. Adorei, obrigado.

    A Freita é a tua cara Marina. O próximo ano vai ser de arromba.

    Belo relato, obrigado

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