Azores Trail Run - TTV 2018 - Relato de um trail no Faial e de como a vida é boa


 

O ano passado fiz 50 anos. Em Janeiro, fiz uma lista de 10 experiências que gostava de fazer e pedi a um grupo restrito de amigos que organizassem e fizessem parte delas. Acredito que o mais importante que levamos deste mundo são momentos passados com gente de quem gostamos. E assim se deu início a uma viagem ainda não terminada. As experiências não tinham de acontecer todas em 2017, mas era essa a ideia. Infelizmente o meu pai faleceu em Junho e a vontade de celebrar a vida, ficou um pouco em suspenso. A vida precisou de reorganização e o meu foco centrou-se muito em apoiar a minha mãe.

Uma dessa experiências era “Fazer um trail num sítio espetacular”. O ano passou e isso não se proporcionou. Há dois meses atrás, num dos nossos treinos temáticos a Sandra Simões falou-me no trail mais bonito que ela tinha feito. E, no meio da minha agenda complicada de viagens, esse fim de semana estava livre. E havia um lugar vago no apartamento 😉. Com tanto astro alinhado era difícil dizer não. Fui nesse dia ao site do evento; era o ultimo dia de inscrições... não dava para pensar muito. Como me tinha lesionado em Dezembro e andava em fisioterapia, achei que desta vez ia treinar de maneira diferente, em vez de treinar demais e não fazer a prova 😇😇.

E assim fiz; treinei sempre um bocadinho menos que o plano de treinos mandava, e lá vim fresquinha para a prova. O tempo estava fantástico e mal conhecia a minha parceira de trail - a única informação que tinha era que “a miúda é rija”. Óptimo, eu vinha tirar fotos, curtir a vista e descansar uns dias. A Sandra Simões transbordava felicidade de passar o dia de anos dela a fazer o que gosta e a boa disposição de todos era contagiante.

 

Lá fui com a Ana Clara Melo para a partida dos 25k - TTV - Trail Of the ten volcanoes - e soube tão bem!! A paisagem era fabulosa, a Ana uma companhia calma e certinha, e o nosso ritmo era bom. Fomos passadas pelos tipos de elite dos 42k, pelos super rápidos dos 68k mas da nossa prova, sabíamos que tínhamos deixado metade para trás, o que nos tirou o stress de sermos barradas nos controlos.

 
Ao km20 a Ana olhou para mim com aquele olhar “vai-te lá embora que já não te posso ver aí aos saltinhos a 👀 para trás a ver se eu estou bem”. Implorei a todos os tipos por quem passei que me garantissem que ela chegava à meta e corri. É tão bom correr sem dor, num sítio lindo, cheio de gente simpática... e lá cheguei à meta 🏁 onde só queria uma bela massagem e esperar pela Ana. Quando cheguei, o Rúben Costa lá estava a controlar a prova dos atletas à séria: o Teodoro Trindade , o Rui Faria e a Sandra Simoes que tinha ido aos 65k e pedi-lhe para ver em que lugar tinha ficado. Eu sabia que não tinha visto muita cinquentona pelo caminho 😉. E pronto, fiquei logo, em plena mesa de massagem, a saber que tinha feirado um troféu 🏆🏆.  É sempre uma boa sensação, e que só foi possível porque me poupei e me diverti a correr com a Ana Melo. E que só aconteceu porque os run 4 fun fazem parte das constantes boas da minha vida.


A prova estava super bem marcada e isso foi um descanso. A caldeira é linda e a parte das levadas mesmo bonita. O contraste do verde do pasto e o azul do mar é fabuloso. Estava calor, mas durante grande parte do tempo, o sol não despontou. O trail não é difícil, o desnível é de 1130D e tem umas subidas que se fazem bem. Metem mais medo porque são visíveis do início das mesmas... como me disse uma miúda divertida com quem fiz parte da prova “você é trepadeira” 😂😂

O Faial continua uma terra pacata e onde se vive esta prova durante quatro dias. Não vi dez vulcões mas foi por falta de atenção. Vi cinco pessoas com quem passei uns óptimos dias e me ajudaram a cumprir mais do que eu me tinha proposto fazer nesta viagem. O meu obrigado é em primeiro lugar para eles. O meu conselho para os outros é que arranjem um dia tempo para vir, porque vale muito a pena.

Vou mais rica e mais feliz para Lisboa ❤️ É importante estar atento às pessoas boas que passam nas nossas vidas, aos momentos de felicidade que juntam cheiros, imagens e sorrisos. E boa comida e boa bebida 🍸🐟🐡🐳

Tudo isto tive o privilégio de ter este fim-de-semana. Obrigada a todos os que se deram ao trabalho de ir ao Facebook dar os parabéns. Aproveitem os vossos tempos bons, eles são preciosos. Já tenho nove bons anos de Run 4 Fun. Somos um grupo especial e sabemos isso. Obrigada a todos por serem como são.

Comentários

  1. E também por isso não perco a oportunidade de comentar o teu relato Margarida.
    Eu levava uma boa expetactiva para esta prova,o Run, e também para o Fun.

    Foi tudo superado em larga escala.
    A prova foi top. O companheirismo, a boa disposição, os bons momentos dos laranjinhas Sandra, Ana Clara Melo, Teodoro, a madrinha Margarida (Guida)e a Ana Cabrita (ainda não é laranjinha mas tem o nosso espirito R4F)

    Aos que leram este execelente relato da Margarida Gonçalves, digo-vos para relerem uma segunda vez.
    Nós que lá estivemos, sabemos que passamos momentos intensos e talvez unicos. Não são faceis de descrever e transmitir por palavras mesmo com segunda leitura. Mas o que pode transmitir a todos nós como RUN 4 FUN e como pessoas vai para além do que aconteceu no fim de semana....

    Obrigado Margarida

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  2. Belíssimo relato Margarida, muito bem escrito com razão e com emoção.

    Esse é um dos trails que fica na minha lista de desejos, até porque gosto muito dos Açores e partilho da admiração de todos os que por lá passaram, pelas suas diferentes ilhas. Só me falta conhecer duas, já tentei, já insisti, ainda não consegui, mas não vou desistir.

    Quanto ao nosso grupo, é verdade, gostamos de RUN, mas ainda mais de FUN.

    Hoje em dia há muitos estudos sobre a felicidade e uma das suas conclusões comuns é que o relacionamento com pessoas é o fator mais influente no nosso nível de felicidade e de gosto pela passagem nesta vida.

    Certamente que o nosso clube é um catalisador de satisfação e alegria, pela oportunidade que nos concede de conviver com pessoas maravilhosas.

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  3. Margarida temos “aqui” mais do que corrida, e paixão comum pela mesma. Temos um conjunto de seres humanos, com sentimentos, fases de vida. A corrida é a nossa face visível. O resto apenas nós conhecemos. E as fases mudam. E as pessoas mudam. E as situações mudam. E os objectivos mudam. Ou seja, vive-se. Se o acto de por um pé à frente do outro nos beneficia, psicologicamente e fisicamente, fazê-lo num contexto de natureza lindíssima e de calor humano, transforma-nos, melhora-nos e permite-nos realmente, viver melhor. É bom correr, é excelente crescer e é, ainda melhor, viver, e conviver, de forma positiva e construtiva, mútua. Este dar e receber F oi excelente, para todos. E é, realmente, o que de melhor existe neste grupo.

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  4. Gostei muito do relato!!
    Parabéns Margarida!!

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  5. Querida Margarida, que até há uns dias mal conhecia, que relato maravilhoso... Subscrevo tudo o que disseste: o que fica mesmo é um coração a transbordar de felicidade pelos momentos vividos com um pequeno grupo de pessoas grandes. Muito obrigada pela tua presença (companheirismo, alegria, motivação, protecção, boa disposição) e não ressonares também foi bom 😂😂😂. A Prova Dura não seria a mesma sem ti😉. Obrigada a todos os Run4Fun (a Guida é maravilhosa...). Não consigo dizer nada sobre esta malta sem parecer lamechas porque são mesmo muito especiais. Tudo se resume a esta tua frase: "É importante estar atento às pessoas boas que passam nas nossas vidas".

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  6. Excelente relato, Margarida!
    Engraçado, há dias também tomei a decisão de elaborar uma lista de coisas que ainda quero fazer, enquanto estiver por cá.
    Concordo contigo, a vida passa muito depressa e merece ser vivida e bem aproveitada!
    Ainda bem que foram uns dias divertidos para todos!
    Assim vale a pena!

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  7. Obrigado Margarida.

    Não agradeço só pelo (excelente) relato como pela agradavel companhia na aventura dos Açores. Partilhamos momentos que julgo serão inesquecíveis. Eu diverti-me imenso, a Guida adorou, e tenho a certeza que todos nós vivemos intensamente cada instante.

    Temos de repetir, numa outra altura e quem sabe num outro local.

    Bjs

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