Isto das corridas é uma coisa estranha



Autor: Rui Faria
Data: janeiro 27, 2015


Mais uma prova, mais um insólito, mais uma lição, ou talvez não.


Vejamos... Sábado à noite... Impecável. O gato de pêlos lá em casa também não se deitou cedo, mas também não era tarde.


Pronto para o desafio. Enfrentar os 17km do Fim da Europa era tranquilo. Mais um treino.
Domingo... dia da prova. Acordo mal disposto. Muito.


Meio atordoado com aquilo, não dou muita importância. Só percebi quando cheguei ao carro e não consegui conduzir.


Ok. Chegamos ao Start, atrasados, e já tinha pensado umas quantas vezes não alinhar na partida.
Antes disso estive a apanhar sol a ver se os sangue aquecia.


Mas vai-se lá saber porquê? As pernas não doíam, eram vómitos em má disposição. Isto há-de passar.
Vai-se lá saber porquê, decidi que começar a prova e depois logo se via.


Bom... a partir do km 5 e até ao km 11, desisti pelo menos umas 6 vezes. Estava sempre a desistir. Uma sequência de má disposição que vinha e que ia.


Mas a Carla Rebelo lá estava. Em nenhum momento a Carla disse para eu continuar, ou que iria conseguir terminar a prova na boa, ou que era só mais um raio de um bocadinho.


Eu não vou nessas conversas. Se não tivermos o discernimento suficiente para saber quando parar mesmo ou se somos ou não capazes, então devemos mesmo parar.


Os incentivos são bons sim. Mas onde eu sinto mesmo o incentivo é na atitude de alguém estar ali e as palavras as vezes tornam-se ocas.


Posso dizer que foi um esforço terrível para chegar até ao km 11. Quando eu pensaria que as pernas podiam aguentar facilmente 17km, estava enganado.


O corpo é uma sacaninha de uma máquina esperta. Não te dá energia onde ela supostamente não é necessária. E às pernas faltavam forças.


Mas que raio... Pensava eu, porque raramente consegui falar como é meu apanágio, é claro que isto é difícil, e agora vais parar?! Se fores fazer os 100 km vais ter momentos assim e depois o que vais fazer?! Estás um bocado mariquinhas tu…


Lembrei-me de algumas passagens contadas pelo Luís Matos Ferreira, em que ele protegia a perna debilitada, e como conseguia ultrapassar aquilo, km após km.


Em que ficamos? Foi uma tontaria ter começado a prova. Talvez. Acredito que na vida nada acontece à toa. Temos é que saber ler os sinais.


Ao km 11, sai de pista e fui vergar os costados encostado a uma rocha. Aí se doeu. Expulsar alguma da coisa maligna do estomago.


A partir dai a coisa melhorou e ganhei um novo animo até chegar ao fim.


E também não há dúvida que quando vimos mais uma laranjinha a dar-nos animo melhora bastante a nossa progressão.


Falta dizer que, e isto penso que passou despercebido à Rúbelo, que pela segunda vez numa prova, e desde que sou laranjinha, momentos antes da meta me vieram lagrimas aos olhos por ter conseguido terminar.


Há quem faça por menos e há quem faça por mais.


Obrigado laranjinhas por estarem lá.


Obrigado Carla Rebelo pela paciência, isto começa a ser habito e o habito faz monstros. hehehe


Runabraços



















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