A minha primeira experiência numa ultra-maratona...

Autora: Joana Peralta
Data: maio 23, 2014


Aqui está a minha primeira experiência numa prova mais longa do que a Maratona. Enquadramento: Corrida de Aliança (Lisboa-Mafra via Torres Vedras)... uma prova de carácter não competitivo com um percurso de 100km dividido em 12 etapas.




Tinha-me inscrito na Maratona (parte final) para acompanhar o Nuno Tempera. Nos anos da Patrícia Calado, o Jorge Esteves desafiou-me a experimentar ir com eles desde o início para fazer a prova mais longa. O Teodoro Trindade seguiu-se nesta sugestão. Tal como já tinha feito com o Nuno, partilhei com eles a minha preocupação de haver tempos definidos para as etapas, e por isso considerar que esta prova seria muito difícil por não conseguir gerir o tempo /esforço. Principalmente para quem vai a uma Ultra pela primeira vez. Durante a semana estudei o percurso, nomeadamente a altimetria e os tempos que teríamos para percorrer cada uma das etapas. Li como nos devemos alimentar e hidratar para aguentar uma Ultra e falei com várias pessoas, de onde destaco a Filipa Ferro, que estava fresquinha que nem uma alface depois de Ronda! Propus-me a manter-me em prova enquanto aguentasse os ritmos e me sentisse bem, esperando aguentar entre 60 e 70 km. E lá fui. Os primeiros 20km custaram-me horrores. Era muito cedo, estava cheia do pequeno-almoço e o meu organismo não está habituado a correr a essas horas. Além disso, os ritmos impostos rondavam os 6.15-6.20 nas primeiras duas etapas. Não descansei entre a 1ª e a 2ª, por exemplo. Não houve tempo. Da 2ª para a 3ª cheguei na hora de arranque e ainda tinha de me obrigar a comer. Vá lá, descansei uns 5 minutos. Começou a haver uns atrasos porque só se arranca quando chegar o último +5 min (acho que fui a última a chegar à 2ª etapa). Depois de uma "paragem técnica" perto dos 20 km melhorei imenso. Fiquei muito bem-disposta. Na 3ª etapa já consegui descansar mais tempo porque já não fui a última e recuperei bem. Depois de uma segunda "paragem técnica" aos 40km fiquei impecável. A partir daí fui sempre bem-disposta e a sentir-me bem, no meu passinho de caracol, mas muito certinha. Tive sempre tempo de recuperação, foi óptimo. Parei no final da 9ª etapa, que foi duríssima. Já com 65 km nas pernas, 11 km de descidas que iam piorando. Primeiro estrada, depois em trilho, depois em pedra solta. Depois subidas e mais descidas. Mais perto do final da etapa, numa zona plana, quando ia "arrancar" para correr, percebi que tinha chegado ao ponto em que o Fun ia desaparecer. Doíam-me extraordinariamente as unhas (mais 3 que vão à vida graças a esta etapa) e senti dores nos joelhos por causa das descidas. A partir daí achei que teria de fazer tudo a andar e já não me iria divertir. Ainda tive muito tempo de descanso, porque houve quem chegasse bem depois de mim. Mas para fazer MM a andar numa prova com tempos, não fazia sentido continuar. Ia ser um sacrifício ao qual não me propus. Percebi que consigo correr até aos 75-77 km na maior. Foi extraordinário. Só pensava "sou uma anormal, que horror". A certo ponto ia com outra rapariga na descida dos 11 km, ela também ia para os 100. Também era a 1ª experiência dela, e também se ficou pela mesma etapa que eu.
Mas estávamos as duas com o mesmo pensamento: somos as maiores!
E fomos!
Foi muito Run 4 Fun.

Comentários