Pelos parques de Sua Magestade


A ideia de correr uma Meia Maratona em Londres não foi minha. Foi do meu grande amigo Jorge Gonçalves, que aliás é o responsável pela minha introdução no mundo da corrida, que já vinha falando no assunto desde 2011. Mas os Deuses não foram benevolentes com ele, porque lhe negaram a sorte que me concederam de ganhar o direito de me inscrever na prova à primeira tentativa.
Embora não seja uma prova muito competitiva, a Meia Maratona dos Parques Reais é uma prova muito popular e por isso muito concorrida, pelo que utiliza o sistema do sorteio utilizado pelas grandes provas como Londres e Nova Iorque (e também o das inscrições através das "charities"). Até porque o número de inscrições é limitado a 12.500 por causa da capacidade dos parques centrais de Londres, onde grande parte da prova se desenvolve. É também uma prova especial porque se destina a angariar fundos para financiar a manutenção dos Parques Reais e para contribuir para mais de 250 instituições filantrópicas.


O percurso é lindíssimo, dividido entre a componente monumental a primeira metade da prova (Buckingham Palace, Houses of Parliament, London Eye, Trafalgar Square, Admiralty Arch) e a componente natural da segunda metade, corrida toda ela dentro do Hyde Park. É pena é que se tenha que ver tudo a correr :-)!
A minha prova não podia ter corrido melhor. Não posso dizer que não me tenha preparado para ela. Depois de me ter estreado na Meia Maratona de Setúbal quase sem treino específico, decidi seguir um plano exigente, correndo quatro vezes por semana, num total de 30 a 40 km, durante três meses. E os resultados foram naturalmente surgindo. A minha evolução durante esse três meses foi apreciável, tanto no capítulo a velocidade como da resistência, para o que contribuiu também uma nova (pequena) diminuição de peso.
Tinha, não obstante, o receio de gerir mal o esforço durante a prova, como aconteceu recentemente nos 15km de Benavente, e tinha também o receio de me ressentir do excesso de treino, sobretudo nos massacrados músculos adutores a minha perna esquerda.
Sai novamente com a força própria da adrenalina das provas, mas ao contrário do que aconteceu em Benavente senti-me com força, beneficiando certamente do fantástico tempo que fez hoje de manhã em Londres, com tempeaturas baixas, inferiores a 10 graus, mas compensadas por um lindo sol de Outono.
À medida que o tempo ia passando, e que me ia aguentando com uma cadência média acima do meu ritmo habitual, fui me convencendo que faria um tempo acima das minhas melhores expectativas, isto é, abaixo de 1h55m. Às 10 milhas (16km) ainda admiti fazer um esforço final de aceleração para baixar de 1h50m, mas a minha perna esquerda deu pequenos avisos de que não havia necessidade de estragar um tempo do caraças por excesso de ambição. E lá me mantive até final numa cadência constante, sem quebras significativas, com velocidade suficiente para conter dentro de limites aceitáveis a natural perda de ritmo dos últimos quilómetros.
Não cheguei à meta tão rápido como tenho chegado em outras provas, mas a falta de acelaração foi compensada pela enorme satisfação do tempo final conseguido: 1h52m18s, muito abaixo das míticas duas horas e doze minutos abaixo do tempo que fiz em Setúbal. Imaginem o que não teria feito com a presença contagiante da armada laranja dos Run4Fun.


Daqui para a frente vou ter de gerir as expectativas, convencido que estou que não faltará muito para que a minha evolução esbarre na barreira da idade e do peso. De qualquer forma o ponto onde cheguei - impensável até tão pouco tempo atrás - já é extraordinário. Para alguém como eu, marcado por um historial de dificuldades respiratórias infantis, agravadas pelo fumo na adolescência e na juventude, pelo excesso de peso na vida adulta e por um padrão sedentário tão recorrente nos nossos tempos, ser capaz de correr durante quase duas horas a um ritmo superior a 11 km por hora é como recomeçar novamente sem errar.


Não posso por isso deixar de agradecer a todos. Ao Jorge Gonçalves, que em boa hora me iniciou nas corridas e teve a ideia de correr esta prova, ao Jorge Duarte Pinheiro, que me introduziu nos Run 4 Fun, e a estes, sem mais distinções, pelo entusiamo que transmitem e pela sabedoria que partilham.
A próxima Meia já está marcada para Lisboa, no dia 9 de Dezembro. Quem sabe em 2013 corro uma inteira ...

Comentários

  1. Caro Cláudio,

    muitos parabéns pelo teu resultado.

    Tem sido um evolução extraordinária mas, estou certo, um caminho cheio de conquistas.

    Excelente relato o teu daquela que foi seguramente uma meia-maratona desejável.

    Saboreia o momento e tem um bom regresso.

    AC

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  2. Muitos Parabéns Cláudio,

    Deve ter sido inesquecivel o percurso.

    Quanto mais corres, mais correrás.
    The sky is the limit...

    Venha a próxima.
    NDA

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  3. Grande resultado Cláudio.
    Parabéns e muito obrigado pelo excelente relato e partilha.

    Foi seguramente uma aventura inesquecível...ao final do dia as boas recordações são o que vão ficar.

    Venha a próxima :).

    Runabraços

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  4. Ficámos a salivar com tão saboroso relato! E deixa-me dizer-te que estás de parabéns pelos progressos efectuados...eu corri a Maratona depois de ter corrido uma e só uma Meia Maratona...precisamente em 01h52m!!! Estás preparado, como diria o Jorge Brito Pereira!

    Allez, allez!

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  5. Parabéns Cláudio,

    Belo relato.

    Notável evolução a tua, com base nos teus objetivos, planeamento e perseverança.

    Na corrida, os limites estão constantemente a abrir, descobrimos que somos capazes de fazer coisas que nunca pensámos antes, serem possíveis.

    Runabraços

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  6. Parabéns Cláudio! És um verdadeiro exemplo! A primeira recordação que tenho de ti é de Março, em que fizeste a Mini da Ponte 25 de Abril! E depois foste atropleado de biciclete (?)!! Desde então, e passaram apenas 6 meses, a tua forma física subiu vários patamares!! Tens todas as razões para estar feliz e orgulhoso!

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  7. Muitos parabéns, Cláudio! Uma bela prova, que assinala um momento de evolução de quem sabe o que quer e como obter o que quer.
    Um grande Runabraço

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