UMA 2012


Fantástica edição de 2012 a UMA, com um areal fabuloso e quase sem vento até aos 25km que depois mudou de direção, força e se tornou sufocante. Temperatura acima dos 30º.

Preparei a prova como se de uma normal Maratona se sem olhar a ritmos, preocupei-me apenas com a resistência e a ler os posts do nosso da edição anterior.

Existem muitas variáveis que podem alterar qualquer plano; calor, maré, areal, vento, ect…

Arranquei com o Orlando Ferreira de Lisboa às 5:35am rumo a Setúbal onde apanhamos o barco para Troia às 6h20m.

A partir daí tínhamos transporte cobrado pela organização até Melides.
O Miguel Sampayo e o Jorge Cancela dormiram em Melides.

O levantamento dos dorsais lentos e confuso e os preparativos para a partida às 9am tardaram em 5 minutos o arranque, como é bom hábito Português.


A partida contou com a presença do honrado medalhado olímpico, o grande Carlos Lopes.

O terreno apresentava-se com um ligeiro declive e era sabido que assim seria até ao fim.

Arranquei com o Orlando e decidimos correr na parte posterior da pista, e com mais inclinação que se apresentava menos pisada e mais consistente.

Estes 9kms iniciais, obrigavam a colocar os pés com uma certa inclinação sob a areia aplicando uma maneira diferente de pisar, que posteriormente me causaram as maiores bolhas da minha vida.

O silencioso coçar permanente do pé esquerdo dentro dos ténis em cada passada, para atingir o angulo do piso e para não enterrar o pé, veio a causar muitos estragos nos pés.

Aí parei para descalçar e descobrir que tinha pouca areia do pé esquerdo.

Na 1ª hora percorridos 9,5Kms, começámos a baixar o ritmo, decidi avançar sozinho e tentar não perder o ritmo das 5h e o Orlando manteve-se a bom ritmo.

Estava preocupado com as próximas 2 horas de enchente da maré e aproveitar para percorrer a maior distância possível.

Passado 1 km dei por perda da máquina fotográfica (uma prenda á minha esposa, aqui poderiam começar os verdadeiros problemas).

Voltei para trás e perguntei a todos os corredores se a tinham avistado, dado a maré estar mesmo no máximo da vazante seria facilmente visível a máquina.

Devo ter voltado não mais do que 800m para depois desistir e ter voltado a retomar o sentido Tróia. Avisei todos os participantes e todos os postos de controlo que se encontrassem uma máquina era do dorsal 54.

Dai até á Praia da Comporta (km28 com 3h) recuperei o ritmo e voltei a passar alguns corredores embora o morder constante do calcanhar do pé esquerdo lentamente crescia.

Surpreendentemente, no meio da multidão aparece o Luís Matos Ferreira a saltar.

Correndo e a apoiar gritando Força… Muito obrigado pela força CAMPEÃO.

Começou a pior parte da corrida, de correr para caminhar enquanto repunha sólidos.

Acabados os 3 litros de Isotónica e carregado o camel-bak com meio litro de água juntamente com 2 pastilhas de Isostar, que se alojou junto ao tubo de sução e que sabia a ácido puro, imbebível!

Lembrei-me do José Carlos Melo em 2011, que ao Km36 se descalçou e segui-o de meias (num post que levei de férias e recomendo a ler antes de uma futura inscrição).

O meu pé esquerdo e as virilhas a escaldar impossibilitavam-me de correr continuamente e arrastei-me até ao 35Km.

Quando me descalcei e prendi os ténis às costas, e meti as meias dentro de água, nunca meias parei, devo ter passado mais de 30 corredores, nestes últimos Kms em que quase ninguém corria.

Opção de correr com os pés dentro de água era sem dúvida mais fresca, lenta e penosa mas permitia não parar, isto apesar dos salpicos nas virilhas assadas sabiam a álcool puro.

Às 15h o pico do calor estava ao rubro e a areia escaldava.

No Final, o grande José Carlos Melo, incansável a apoiar a equipa e a fotografar.

Uma palavra para toda a equipa:

Parabéns, ao Orlando que sem preparação fez uma 5h18m.
Determinação, do Jorge Cancela que mesmo lesionado iniciou e acabou a prova sem hesitar

Força, ao Miguel Sampayo, o que mais bem preparado teve de desistir ao km35 por cainbras, para o ano não poderás faltar...

Mais uma memorável edição, que ficará gravada na nossa memória.

Consegui recuperar a minha máquina, que sorte tenho eu ;-)))
Obrigado equipa da organização da Praia a Galé.










Pelas fotografias dos primeiros classificados, em cada 10 apenas 1 trazia Camel-bak, talvez seja uma opção para ganhar algum tempo e leveza, para a próxima tomarei em séria consideração.

Apesar do 33º lugar e último na classificação de equipas, fomos a única que partiu com um atleta lesionado á partida e com outro superatleta na meta a fotografar todos os finishers…

Foi com muito orgulho que vesti a laranja.

Para o ano seremos mais e melhores fica o desafio e o video.

RunAbraço

Comentários

  1. Grande Atleta.

    Parabéns a Ti e aos restantes bravos.

    Obrigado pela partilha e pelo fantástico texto, muito bem detalhado.

    Uma vez mais...o espirito de equipa ficou bem patente, nos diversos exemplos aqui dados.
    Que bom, que bonito e que honroso é poder correr com esta camisola.

    Runabraços,
    Nuno

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  2. Grande prova Nuno Dias de Almeida

    Com novas e grandes dificuldades para ti, que só te metes em provas difíceis, como foi o Ultra Trail dos Abutres e agora a UMA.

    Só prova a tua coragem. determinação e qualidade atlética.

    Parabéns pela tua prova e pelo magnífico relato e ainda bem que recuperaste a máquina para vermos o excelente vídeo e fotos.

    Parabéns também à nossa excelente equipa, tu, o Orlando Ferreira e o grande Jorge Cancela, com mais um exemplo de grande determinação, apesar da lesão. O que interessa mesmo é acabar,apesar das dores e das bolhas.

    Parabéns também ao Miguel San-Payo que só desistiu por não ser humanamente possível continuar. O relato dele é impressionante.

    Runabraços

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  3. Grande Nuno,

    desde que tinha feito o treino na Caparica contigo, sabia que irias fazer uma prova fantástica. conto contigo em 2013, para "partir a loiça toda"

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  4. Parabéns aos participantes! E nota de destaque para os que apoiaram ao vivo. Foi uma boa prestação do Nuno relator; houve notícias boas do Jorge Cancela e do Orlando. E menos boas do Miguel San-Payo, que felizmente são e serão incidentais. UMA por todos e todos por UMA.
    Runabraços

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