III Trail Noturno da Lagoa de Óbidos

Em pleno Verão uma noturna com três opções: 47 km, 25 km e Caminhada. O Renato Velez fez os 47 km, e o grupo da foto seguinte, na qual falta o bravo Zé Carlos Melo, fez os 25 km com exceção da Paula.,a mulher do Orlando Ferreira que fez a Caminhada, juntamente com uma amiga. O início foi às 21:00, era noite de Lua Cheia e supostamente teríamos iluminação natural. Assim não foi, o Céu estava cheio de nuvens, não chegámos a ver a Lua e choveu todo o tempo aquela chuvinha tipo "molha-tolos". E lá fomos para a corrida, num grupo de quatro que o Renato acelerou de imediato (ritmo de 5min./km) e o Zé Carlos Melo meteu um rito mais calmo e ficou um pouco para trás. O Orlando Ferreira, em grande forma (anda a treinar para a Maratona do Porto) , a puxar pelo grupo. Perto dos 10 km a Luísa ficou um pouco para trás, depois caiu (soubemos mais tarde), chamou por nós, mas ninguém a ouviu. Subimos uma arriba com a ajuda de raízes que pareciam lianas, até havia um sujeito a dar gritos, tipo Tarzan. E logo a seguir chegámos ao abastecimento dos 10 km, onde esperámos pela Luísa, que estava demorada. Lá chegou ela e contou-nos o que lhe aconteceu. Caiu num buraco, foi para a frente, mas ficou com o pé preso, o que lhe provocou um estiramento num dos músculos posteriores da coxa direita. Tentou seguir connosco mas não dava, voltou para trás para o posto de abastecimento e desistiu. Ela ia trabalhar hoje de manhã e não quis arriscar ficar pior. Lá seguimos os três, sempre com o Orlando a marcar o ritmo e a esperar diversas vezes por mim e pelo Zé Magalhães. Perto da lagoa juntou-se a nós um sujeito que nos perguntou, depois de reparar nas nossas camisolas, se conhecíamos o Nuno Marques (este homem é mesmo famoso...). Claro que sim, respondemos e ele disse-nos que era o Zé Rodrigues o revisor de contas de Torres Novas, que pedia para mandarmos um abraço para o Nuno. E seguiu connosco, que nestas noturnas mais vale ir acompanhado, que sozinho. O Zé Rodrigues, um caminheiro experimentado, está a iniciar-se nas corridas, tinha feito o carregamento do ficheiro do percurso para o seu Garmin e dizia-nos que aquilo era de tal forma que se ele saísse do caminho o Garmin começaria a apitar. Uma boa opção para este tipo de corridas. No meio da conversa disse-me que tinha subido este ano o Monte Perdido, a 2ª montanha mais alta dos Pirenéus. o que eu e a Luísa já tínhamos também feito em 2009 e que recomendo pela beleza e pelo desafio. E que vai fazer em breve o Tour do Mont Blanc, coisa que está na minha lista de desejos. Só para vos dizer que neste tipo de corridas, dá para ir na conversa, o ritmo não é, geralmente, muito elevado Entretanto, o Zé Magalhães ficou para trás e o Zé Rodrigues ia dando sinal que estava a ficar cansado. Perto dos 17 km, numa descida dei um pontapé numa raiz (ou numa pedra?) de tal modo, que até "vi estrelas". Consegui equilibrar-me e não caí, mas pensai logo que ia ficar com a unha do dedo grande do pé direito toda negra. Mas dava para continuar. E o Orlando, grande companheiro, sempre a marcar o ritmo e a esperar por nós. Um pouco mais tarde, o Zé Rodrigues ficou para trás, já não conseguia aguentar o ritmo. E aos 21 km fiquei eu para trás pois já não dava mais. Disse ao Orlando para seguir e agradeci-lhe toda a ajuda que nos tinha dado. É este o espírito Run 4 Fun aqui bem personificado pelo Orlando. E agora aos 21km, sozinho, lá fui correndo e andado nas subidas. Perto dos 22 km fui "apanhado" por um companheiro que tinha um frontal que mais parecia um farol e que numa descida abrandou, eu apanhei-o, metemos conversa e fomos juntos, já ambos muito cansados. Mesmo assim ainda passámos alguns companheiros que andavam, já não conseguiam correr. Chegados aos 24,3 km, falavam 700 metros, tínhamos 2:53 horas e eu pensava que dava para fazer menos de 3 horas. Erro, pois a subida para o Castelo de Óbidos é muito empinada e com o cansaço acumulado lá passaram as 3 horas. Julgo que foi 3:03. No final, estavam o Hilário que tinha chegado há um bom bocado, o Orlando e a Luísa que tinha vindo no "carro-vassoura". Pouco mais tarde, chegaram o Zé Carlos Melo e o Zé Magalhães. Mais tarde haveria de chegar o Renato Velez depois de completar a ultra dos 47 km. A organização foi muito boa, o percurso estava muito bem marcado e no final até tinham um sopinha de canja, com massa, que estava uma delícia. Dei os parabéns ao Jorge Serrazina, o organizador-mor que nos desafiou a voltar lá para o ano, mas para fazer a Ultra. Duvido, no que me diz respeito!!!! Entretanto chegou o Carlos Sá o 1º da Ultra que fez 47 km em cerca de 3:30, a um ritmo inferior a 4:30. Não esqueçam que o Carlos Sá foi recentemente o 8º classificado na Maratona das Areias, em Marrocos. Um grande atleta, muito simpático, que organiza a 23 de Outubro próximo, o Grande Trail Serra d´Arga. Não percam!! Aqui está a ligação. Não deu para tirar muitas fotos pois a bateria foi à vida logo no início. Aqui estão as possíveis com uma com o estado em que ficaram os ténis, pós corrida. Boas férias e bons treinos Runabraços

Comentários

  1. Foi durinho.
    Mas, mesmo assim, gostei desta experiencia. Pensava que estava minimamente preparado. Mentira. Isto de se fazer trails, requer outro tipo de preparação. Começei bem, a um bom ritmo, mas a partir do km 12-13 comecei a ficar mais cansado (foi no inicio da subida, onde no topo se fazia a separação dos 25 / 47 km) e automáticamente larguei os companheiros de corrida (Orlando e João).
    No abastecimento dos 17 kM ainda consegui ver o João e o Orlando (estavam já de saída).
    Depois de me sentar para tirar a areia/terra/pedras dos ténis aparece o José Carlos Melo. Pega num copo de água e arranca. Nunca mais o vi. A partir do km 22 até ao 24, tive a companhia de uma rapariga, penso que da margem sul, porque tinha feito provas em Sesimbra e PAlmela. Mas o interessante é que iamos a um bom ritmo (a puxar um pelo outro). A determinada altura, eu tive que parar e ela também parou. Isto porque estava a ficar com dores nos gémeos. Fomos a caminhar. Mas ela a caminhar, era dose. Que pedal.
    Depois a subida final foi feita a anadar devagarinho. A organização ainda nos incentivava a correr mais um pouco. Mas já não dava.
    Este comentário já vai longo, mas só mais uma nora para quem se queira aventurar nestas lides de trails nocturnos. Levar uma laterna e um bom frontal (o meu só serve para ler um livro).
    Obrigado à Luisa pelo apoio logistico final.
    Não esquecer treino de subidas e trilhos.

    Runabraço

    PS
    João, só consegui comer alguma coisa por volta das 04H00.

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  2. João,
    Como objectivo tens que colocar na Tua lista de prioridades o lançamento de um livro com estes relatos fantásticos que vamos podendo ler no nosso blogue, eu prometo que preparo umas quadras :-).
    Já fiquei com pena de não ter aceitado a oferta do Dorsal do Nuno Tempera...reconheço que tive algum receio (trail à noite...).
    Parabéns a todos, participação Runtástica uma vez mais.
    Como ainda só tive o prazer de fazer um trail...faz-me confusão como é isso "dá para ir na conversa"...uma distracção e é "aterro" garantido :), já tive essa experiencia e fiquei bastante "amolgado".
    As rápidas melhoras Luisa.
    Pelo que li do comentário do José Magalhães...vamos ter mais um "adepto" dos trails na equipa :).

    Runabraços

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  3. Noite bem passada na Lagoa de Óbidos, gostei muito desta prova. Apesar da escuridão não permitir apreciar a beleza do local.

    Fiz sozinho a maior parte do percurso e não me perdi. Realço a marcação excelente que a organização colocou no percurso com pioneses e tiras reflectoras a curta distância.
    No briefing inicial, a marcação foi apelidada como de uma Auto-estrada, mas foi efectivamente muito eficaz.

    Isto de correr por trilhos faço com muitos cuidados e "caldos de galinha", porque um pé mal colocado e é a "morte do artista".
    O percurso dos 25 km é muito acessível e faz-se bem quase todo em corrida. Naquela subida inclinada antes do 1º abastecimento andei a trepar de gatas agarrado a ramos ou ao que viesse à mão. E uma ou outra descida técnica mais dificil.

    Gostei da imagem da ida e retorno ao longo da ribeira, onde vemos os "piripampos" em fila a passarem por nós em sentido contrário.
    E os abastecimentos no final.

    E ao valente Renato Velez, como correram os 47 km do Ultra Trail? O percurso do Ultra Trail terá sido bem mais dificil?

    RunAbraços.

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  4. Meu Caro João Ralha,

    Foi um prazer enorme reencontrá-los
    nesta singular prova de Óbidos.
    Ansiava por saber de notícias Vossas face ás condicões metereológicas adversas que se fizeram sentir ao longo de toda a prova.
    Ainda bem que correu tudo pelo melhor e desejo rápidas melhoras para a Luísa.
    Em síntese, acabei o Ultra trail, algo desgastado pela falta de visibilidade e afectado por bolhas na planta dos pés. No final o meu Garmin assinalava 05:11h, um tempo pouco audacioso mas muito esforçado.
    A seu tempo deixarei um post mais elaborado sobre a minha participação neste evento.

    Run Abraços!

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  5. Amigo João,
    Obrigado pela "entrega" do abraço do meu amigo José Rodrigues...já lhe devolvi o cumprimento via Facebook.
    Não sou eu que sou muito conhecido, muito menos famoso :), o mundo é que é muito pequeno.
    Na do Almonda, foi ao contrário, não faltaram cumprimentos para Ti e para o Zé Carlos Melo...eu não fixava era os nomes :).
    O José Rodrigues, é dos tais casos que nós que gostamos de desporto e tentamos incentivar os demais a participar e a "mexerem-se", nos faz sentir bem assistir...já não tem propriamente 20 anos (tem mais do dobro seguramente :) ), iniciou-se nas caminhadas à relativamente pouco tempo e já começou a esticar os Kms a correr.
    Está com a força de vontade e a motivação em alta.
    Runabraços

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  6. ... Em resposta ao nosso colega José Carlos, quero acrescentar que os 47kms são naturalmente mais desafiantes do que os 27kms. Ontem, na linha de separação entre as duas distâncias, face ao desgaste já evidente, confesso que tive muita vontade de seguir com os atletas da meia distância. Com essa imposição foi-se a companhia, foi-se o ritmo bastante elevado até então(04:40/km) e perdeu-se a iluminação. Ainda assim ficou o prazer de correr "sozinho" na penumbra de uma noite chuvosa e num cenário desconhecido.

    Quanto ás sensações de uma e outra prova, são muito diferenciadas.
    Apesar do ritmo imposto numa prova de trail ser mais suave do que na maratona, aqui também existe o tão indesejado "muro". E quem faz a meia distância não chega a senti-lo, dando a sensação de acabar a prova ainda forte. Ao invés, na Ultra distância tem que se estar mentalizado para o "abanão" dos 30 e dos 42.

    Zé carlos, no próximo ano conto acompanhar-te na superação deste desafio.

    Runabraço

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  7. Renato,

    Parabéns pela força de vontade em terminar uma prova tão difícil.

    Parece-me que as provas de trilhos podem ser mais cansativas que as de estrada, apesar de o ritmo ser mais baixo. Uma das razões será a preocupação com as irregularidades do terreno, para evitar quedas.

    É certo que é mais normal andar nos trilhos que na estrada, mas a sucessão de dificuldades, por exemplo o sobe e desce nas provas de montanha, pode torná-las mais complicadas pelas grandes mudanças de ritmo a que obrigam.

    E o "muro" também lá está. Eu apanhei-o na Sábado por volta dos 21 km.

    Mas mesmo os "muros" nós conseguimos ultrapassar com vontade e capacidade para persistir..

    Runabraços

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  8. A propósito do "dar para ir na conversa".

    Esta corrida de Óbidos era muito diversificada. Tinha partes muito técnicas, em que tínhamos que ir com muita atenção e cuidado.

    Mas também tinha alguns estradões de piso regular e era aí que dava para falar um pouco, pois o ritmo não era muito elevado. Nestas provas o objetivo de tempo é mais relativo. O meu era fazer entre 2:30 e 3:00. Fiquei lá perto, mas o mais importante era terminar.

    Runabraços

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  9. Valeu, e muito, a experiência!
    Foi o meu 1º trail e sendo nocturno a principal preocupação era seguir com os R4F e ter cuidado muito especial com o piso.

    Tal como o João disse, falhou a lua mas valeu a chuvinha durante todo o percurso... e com um cheirinho também muito agradável em boa parte do percurso.

    Estando a preparar-me para a maratona (do Porto a 6 de Novembro) e estando na 2ª semana de treinos, tive que mudar um pouco o plano semanal e fazer uma corrida a um ritmo bem mais lento que o habitual.

    Procurei ir sempre com o grupo, e ao contrário do Renato Velez, a minha vontade era seguir para o trilho dos 47Kms... mas sei que seria o meu maior disparate... não estou (ainda...) suficientemente preparado para tal distância e apesar de estar bastante "folgado", certamente que iria bater no muro e arrastar-me nos quilómetros finais.

    Quando “deixei” o João era porque realmente me estava a custar bastante ir “tão devagar” e também para ver como reagiriam as pernas num ritmo mais elevado após os 20Kms.

    Ficou o "bichinho" dos trails... e fiquei com a ideia que por termos várias mudanças de velocidade e com diferentes "distracções" o tempo vai passando e os quilómetros custariam menos a fazer... enfim, no futuro se verá se é mesmo assim.

    As melhoras da Luísa e continuação de boas corridas.

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  10. Bem, e por ultimo venho eu, o já referido Zé Rodrigues, agradecer a "boleia" que estes amigos (Orlando e João Ralha) fizeram o favor de me proporcionar durante boa parte do percurso, numa altura em que por ter perdido de vista o grupo de amigos (do Trilho)em que me inseria uns mais atrás e outros mais adiante começava a perder um pouco o ânimo e a ficar um bocadinho desmotivado. Encontrei este grupo de bravos atletas (mais tarde reparei no logo R4F) com uma boa passada e pensei juntar me a eles, o que me permitiu recuperar o ânimo, fazer boa parte do trilho em excelente companhia e apesar de ter decidido ficar para trás já a poucos km da meta, completar a prova com 3:07m o que tendo em atenção a minha pouca experiência em corridas me pareceu muito razoável.
    Mas quero sublinhar que esta parte do trilho em que vos encontrei foi muitíssimo importante para recuperar o ânimo e a motivação para chegar ao final e mais uma vez tenho de enviar um abraço especial ao Nuno Marques que mesmo ausente teve papel activo como amigo comum e agradecer com "A" grande ao João Ralha e ao Orlando pela boa companhia e pelo passo certo que implementaram e me transmitiram.
    Quanto à conversa em prova, penso que o espírito dos trilhos passa muito por isto, a dificuldade dos pisos, a irregularidade dos ritmos, a própria natureza da prova com uma maior componente de resistência, deixa lugar a que haja mais contacto humano entre os participantes o que meus amigos é bastante positivo e a prova disso mesmo são estes episódios!
    Quanto ao trilho propriamente dito, só conheci antes o do Almonda na versão de 12km e posso assegurar-vos que era mil vezes pior, grandes subidas, trilho cheio de pedras e "carreiros" de serra, sempre altamente irregular e com muita subida acumulada, nada que se comparasse a este de Óbidos em que grande parte decorreu em estradão ou então em trilhos minimamente, mas claro no meu caso a dificuldade foi a distância que tambem me mostrou o muro na parte final...
    Bem Hajam e espero reencontrar vos ainda muitas vezes se o corpo assim mo permitir por estes trilhos fora!

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  11. Olá;

    Participei no ano passado no II TNLO. Infelizmente este ano não deu para participar. Mas farei tudo para no próximo ano lá estar no IV TNLO.
    O seu texto fêz-me viver os momentos que lá passei. Esta prova é muito boa.!

    Um abraço
    José Xavier

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